Espiritualizando



Fé Racional

"Em lugar da fé cega que anula a liberdade de pensar, ele diz: Não há fé inquebrantável senão aquela que pode olhar a razão face a face em todas as épocas da Humanidade. À fé é necessária uma base, e essa base é a inteligência perfeita daquilo que se deve crer; para crer não basta ver, é necessário, sobretudo, compreender. A fé cega não é mais deste século; ora, é precisamente o dogma da fé cega que faz hoje o maior número de incrédulos, porque ela quer se impor e exige a adição de uma das mais preciosas faculdades do homem: o raciocínio e o livre arbítrio." (O Evangelho Segundo o Espiritismo.)

Espiritualize-se...

Sábio é aquele que a tudo compreende e nada ignora. Deus não impôs aos ignorantes a obrigação de aprender, sem antes ter tomado dos que sabem o juramento de ensinar.

Nenhum mistério resiste à fragilidade da Luz. Conhecer a Umbanda é conhecer a simplicidade do Universo.



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sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

É Natal...


 

Natal é muito mais que enfeites, presentes, festas, luzes e comemorações...

Natal quer dizer nascimento, vida, crescimento...

E o Natal de Jesus tem um significado muito especial para o Mundo.

Geralmente não se comemora o nascimento de alguém que morreu há mais de dois milênios, a menos que esse nascimento tenha algo a nos ensinar.

Assim pensando, o Natal de Jesus deve ser meditado todos os dias, e vivido da melhor maneira possível.

Se assim é, devemos convir que Natal é muito mais do que preencher um cheque e fazer uma doação a alguém que necessita dessa ajuda.

É muito mais do que comprar uma cesta básica e entregar a uma família pobre...

É muito mais que a troca de presentes, tão costumeira nessa época.

É muito mais que reunir a família e cantar.

É muito mais que promover o jantar da empresa e reunir patrões e empregados em torno da mesma mesa.

A verdadeira comemoração do Natal de Jesus é a vivência de Seus ensinos no dia-a-dia.

É olhar nos olhos daqueles que convivem conosco e buscar entender, perdoar, envolver com carinho esses seres humanos que trilham a mesma estrada que nós.

É se deter diante de uma criança e prestar atenção no que os seus olhos dizem sem palavras...

É sentir compaixão do mais perverso criminoso, entendendo que ele é nosso irmão e que se faz violento porque desconhece a paz.

É preservar e respeitar a natureza que Deus nos concede, como meio de progresso, e fazer esforços reais para construir um mundo melhor.

O Natal é para ser vivido nos momentos em que tudo parece sucumbir...

Nas horas de enfermidades, nas horas em que somos traídos, que alguém nos calunia, que os amigos nos abandonam...

Tudo isso pode parecer estranho e você até pode pensar que essas coisas não têm nada a ver com o Natal.

No entanto, Jesus só veio à Terra para nos ensinar a viver, e não para ser lembrado de ano em ano, com práticas que não refletem maturidade, nem desejo sincero de aprender com Essa Estrela de primeira grandeza...

Ele viveu o amor a Deus e ao próximo...

Ele viveu o perdão...

Sofreu calúnias, abandono dos amigos, traição, injustiças variadas...

Dedicou Suas horas às almas sedentas de amor e conhecimento, não importando se eram ricos ou pobres, justos ou injustos, poderosos ou sem prestígio nenhum.

Sua vida foi o maior exemplo de grandeza e sabedoria.

Por ser sábio, Jesus jamais estabeleceu qualquer diferença entre os povos, não criou nenhum templo religioso, não instituiu rituais nem recomendou práticas exteriores para adorar a Deus ou como condição para conquistar a felicidade.

Ele falava das verdades que bem conhecia, das muitas moradas da Casa do Pai, da necessidade de adorar a Deus em Espírito e Verdade, e não aqui ou ali, desta ou daquela forma.

Falou que o Reino dos Céus não tem aparências exteriores, e não é um lugar a que chegaremos um dia, mas está na intimidade do ser, para ser conquistado na vivência diária.

E é esse reino de felicidade que precisa ser buscado, aprendido e vivido nos mínimos detalhes, em todos os minutos de nossa curta existência...

Bem, Natal é tudo isso...

É vida, e vida abundante...

É caminho e verdade...

É a porta...

É o Bom Pastor...

É o Mestre...

É o maior Amigo de todos nós.

Pense em tudo isso, e busque viver bem este Natal...



Mensagem: Momento Espírita.

 

 

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Cigana Maria Rosa


Este Post é dedicado a Minha Querida Irmã Carol da Casa de Caridade Pai Benedito d'Angola. Salve a Sua Coroa Minha Irmã Carol. Seja Feliz e Fique na Paz de Oxalá!
A Maria Rosa, é sensível, se apresenta ligada às artes e à beleza, e uma de suas especialidades é trabalhar com aromas.
Já tem o nome de flor (Rosa) porque adora perfumes e aprecia a beleza e a harmonia.
A responsabilidade de Maria Rosa é levar até Luciana as informações referentes ao plano espiritual para que ela possa sempre manter seu elo com o cosmos sem se deixar levar pela vaidade ou ganância, uma vez que dotada de qualidades para pensar só em si mesma, ela possa em alguns momentos, se trancar em si mesma e esquecer de praticar a caridade ao próximo.
Podemos então deduzir que, os mentores são espíritos responsáveis pelo equilíbrio energético de cada um, por isso uma pessoa pode ter só um, outro terá vários, porque de acordo com cada ponto a ser tratado, muitas vezes será necessário espíritos com perfis diferentes e especializados em cada situação para ajudar a pessoa a conseguir trilhar sua evolução.
E claro, desde que, com a anuência divina (seu pedido sempre é atendido por Deus). 

           Uma Mensagem de Rosa Maria - Cigana do Oriente

"Queridos ciganos, Rosa María fala-lhes.

Sentem-se estranhos e mau compreendidos e sem que os entendam.

Quero dizer-lhes que nós, ciganos espirituais, estamos atentos a suas preocupações e dores na Terra.

Contem com nossa ajuda e Amor Incondicional.

Tenho observado alguns ciganos sentem-se desagradados com sua situação atual e com o meio que os rodeia.

Sentem-se como se estivessem fora desse meio, como se não pertencessem a ele.

Querem sair desta situação e fazem todo o possível neste sentido.

Usam ferramentas espirituais ensinadas em reuniões com ciganos e com outros seres de Luz.

Observo que continua o sentimento de frustração e de decepção porque não conseguem a meta que desejam.

Quero dizer-lhes a vocês ciganos, que não se preocupem. Pode ter certas coisas que deveriam saber:

1.- Às vezes sua alma precisa experienciar esta situação, até aprender e evoluir.

2.-Às vezes é um registro interno de sentir-se não merecedores de algo melhor, e vocês mesmos se põem resistências inconscientes para melhorar.

No primeiro caso, observem se sua alma já aprendeu a lição que tinha que aprender.

Neste caso, já não há mais necessidade de manter o meio ou a situação que lhes causa dor.

No segundo caso, precisarão de forma urgente limpar uma memória, em que vocês criaram a ideia de que não são suficientemente bons, ou de que não merecem algo melhor.

Desta forma terão que trabalhar as crenças, sejam concientes ou inconcientes, para que o bloqueio de energia se desfaça e possam continuar o caminho de seu Plano Divino.

Fluem livre e amorosamente para o objetivo que desejam atingir e sua alma vibrará em Alegria e Paz.

Se sentirão plenos e a nada nem ninguém culparão por sua falta de evolução e por se sentir frustrados. Terá Amor em seus corações ,e será transmitido este amor através de vocês.

Ciganos queridos, tenham ânimo e esperança de uma mudança, porque todo o poder está dentro de vocês.

Comecem esta mudança aqui e agora.

Nos veremos logo!

A Carroza protege-os.

Que Santa Sara lhes estenda seu manto Sagrado.

Com Amor.

Rosa Maria, Gitana de Oriente.

Reunião espiritual, Rio de janeiro, 09-08-09. Canalizado por Mónica U. Ytyer.

 

         Oração para a Cigana Maria Rosa

És uma linda flor que desabrocha no amanhecer, és um espírito de luz.

És a lua que clareia nossas mentes para que possamos dar um conselho na hora certa.

És o espírito que nos dá força para superarmos todos os nossos obstáculos.

És a estrela brilhante que ilumina nossas vidas neste planeta Terra.

És um espírito maravilhoso que à noite vigia nossos sonhos, impedindo a aproximação de espíritos maléficos. Cigana Maria Rosa, com tuas fitas coloridas, estás sempre transmitindo a força do arco-íris.

Sempre que o aflito te invocar, possas transmitir-lhe a energia da paz, da harmonia e da consolação.

Que, ao olhar a chama de uma vela, possamos sentir a tua presença.

Que, ao tocar um cristal, possamos sentir a tua energia positiva.

Que, ao sentir o aroma de violetas, possamos sentir que estás nos confortando.

Cigana Maria Rosa, cobre-nos com tua saia colorida, escondendo-nos dos invejosos e mostrando a eles que o caminho não é esse.

Cigana encantada, que nesta hora possamos sentir segurança, paz e felicidade.

Com teu encanto, encanta coisas boas para que os nossos caminhos não tenham obstáculos.

Desencanta todas as perturbações que existam nos lares, Cigana, cura aqueles que estejam doentes do espírito, da alma, da matéria,

Com o poder do Pai-Sol,

Com o poder da Mãe-Terra,

Nós te pedimos que nossos pedidos sejam atendidos.

Por Santa Sara, a padroeira dos ciganos, e por todos os espíritos ciganos que viveram e sofreram nesta Terra, nesta corrente de fé, Cigana Maria Rosa.

Salve o Povo Cigano.

 

 

OS CIGANOS E A UMBANDA DIVINA

 

Os ciganos e a espiritualidade

CIGANOS NA UMBANDA

“Eu vi um formoso Cigano Sentado na beira do Rio Com seus cabelos negros E os olhos cor de anil Quando eu me aproximava o cigano me chamou Com seus dados nas mãos O cigano me falou Seus caminhos estão abertos Na saúde, na paz e amor, Foi se despedindo e me abençoou Eu não sou daqui, mas vou levar saudades, Eu sou o Cigano Pablo, lá das Três Trindades.”

Esta linha de trabalhos espirituais já é muito antiga dentro da Umbanda, e “carregam as falanges ciganas juntamente com as falanges orientais uma importância muito elevada, sendo cultuadas por todo um seguimento espírita e que se explica por suas próprias razões, elegendo a prioridade de trabalho dentro da ordem natural das coisas em suas próprias tendências e especialidades.

Assim, numerosas correntes ciganas estão a serviço do mundo imaterial e carregam como seus sustentadores e dirigentes aqueles espíritos mais evoluídos e antigos dentro da ordem de aprendizado, confundindo-se muitas vezes pela repetição dos nomes comuns apresentados para melhor reconhecimento, preservando os costumes como forma de trabalho e respeito, facilitando a possibilidade de ampliar suas correntes com seus companheiros desencarnados e que buscam no universo astral seu paradeiro, como ocorre com todas as outras correntes do espaço.

O povo cigano designado ao encarne na Terra, através dos tempos e de todo o trabalho desenvolvido até então, conseguiu conquistar um lugar de razoável importância dentro deste contexto espiritual, tendo muitos deles alçado a graça de seguirem para outros espaços de maior evolução espiritual, juntamente com outros grupos de espíritos, também de longa data de reencarnações repetidas na Terra e de grande contribuição, caridade e aprendizado no plano imaterial.

A argumentação de que espíritos ciganos não deveriam falar por não ciganos ou por médiuns não ciganos e que se assim o fizessem deveriam faze-lo no idioma próprio de seu povo, é totalmente descabida e está em desarranjo total com os ensinamentos da espiritualidade sua doutrina evangélica, até as impossíveis limitações que se pretende implantar com essa afirmação na evolução do espírito humano e na lei de causa e efeito, pretendendo alterar a obra divina do Criador e da justiça divina como se possível fosse, pretendendo questionar os desígnios da criação e carregar para o universo espiritual nossas diminutas limitações e desinformação, fato que nos levaria a inviabilização doutrinária.

Bem como a eleger nossa estada na Terra como mera passagem e de grande prepotência discriminatória, destituindo lamentavelmente de legitimidade as obras divinas.

Outrossim, mantêm-se as falanges ciganas, tanto quanto todas as outras, organizadas dentro dos quadros ocidentais e dos mistérios que não nos é possível relatar. Obras existem, que dão conta de suas atuações dentro de seu plano de trabalho, chegando mesmo a divulgar passagens de suas encarnações terrenas.

Agem no plano da saúde, do amor e do conhecimento, suportam princípios magísticos e tem um tratamento todo especial e diferenciado de outras correntes e falanges.

Ao contrário do que se pensa os espíritos ciganos reinam em suas correntes preferencialmente dentro do plano da luz e positivo, não trabalhando a serviço do mau e trazendo uma contribuição inesgotável aos homens e aos seus pares, claro que dentro do critério de merecimento, tanto quanto qualquer outro espírito teremos aqueles que não agem dentro desse contexto e se encontram espalhados pela escuridão e a seus serviços, por não serem diferentes de nenhum outro espírito humano.

Trabalham preferencialmente na vibração da direita e aqueles que trabalham na vibração da esquerda, não são os mesmo espíritos de ex ciganos, que mantêm-se na direita, como não poderia deixar de ser, e, ostentam a condição de Guardiões e Guardiãs.

O que existe são os Exus Ciganos e as Moças Ciganas, que são verdadeiros Guardiões à serviço da luz nas trevas, como todo Guardião e Guardiã dentro de seus reinos de atuação, cada um com seu próprio nome de identificação dentro do nome de força coletivo, trabalhando na atuação do plano negativo à serviço da justiça divina, com suas falanges e trabalhadores, levando seus nomes de mistérios coletivos e individuais de identificação, assunto este que levaria uma obra inteira para se abordar e não se esgotaria.

Contudo, encontramos no plano positivo falanges diversas chefiadas por ciganos diversos em planos de atuação diversos, porém, o tratamento religioso não se difere muito e se mantêm dentro de algumas características gerais.

Imenso é o número de espíritos ciganos que alcançaram lugar de destaque no plano espiritual e são responsáveis pela regência e atuação em mistérios do plano de luz e seus serviços, carregando a mística de seu povo como característica e identificação.

Dentro os mais conhecidos, podemos citar os ciganos Pablo, Wlademir, Ramirez, Juan, Pedrovick, Artemio, Hiago, Igor, Vitor e tantos outros, da mesma forma as ciganas, como Esmeralda, Carme, Salomé, Carmensita, Rosita, Madalena, Yasmin, Maria Dolores, Zaira, Sunakana, Sulamita, Wlavira, Iiarin, Sarita e muitas outras também.

É imprescindível que se afirme que na ordem elencada dos nomes não existe hierarquia, apenas lembrança e critério de notoriedade, sem contudo, contrariar a notoriedade de todos os outros ciganos e ciganas, que são muitos e com o mesmo valor e importância.

Por sua própria razão diferenciada, também diferenciado como dissemos é a forma de cultuá-los, sem pretender em tempo algum estabelecer regras ou esgotar o assunto, o que jamais foi nossa pretensão, mesmo porque não possuímos conhecimento de para tanto. A razão é que a respeito sofremos de uma carência muito grande de informação sobre o assunto e a intenção é dividir o que conseguimos aprender a respeito deste seguimento e tratamento.

Somos sabedores que muitas outras forças também existem e o que passamos neste trabalho são maneiras simples a respeito, sem entrar em fundamentos mais aprofundados, o que é bom deixar induvidosamente claro.

É importante que se esclareça, que a vinculação vibratória é de axé dos espíritos ciganos, tem relação estreita com as cores estilizadas no culto e também com os incensos, pratica muito utilizada entre ciganos.

Os ciganos usam muitas cores em seus trabalhos, mas cada cigano tem sua cor de vibração no plano espiritual e uma outra cor de identificação é utilizada para velas em seu louvor. Uma das cores, a de vinculação raramente se torna conhecida, mas a de trabalho deve sempre ser conhecida para prática votiva das velas, roupas, etc. Os incensos são sempre utilizados em seus trabalhos e de acordo com o que se pretende fazer ou alcançar.

Para o cigano de trabalho se possível deve-se manter um altar separado do altar geral, o que não quer dizer que não se possa cultua-lo no altar normal.

Devendo esse altar manter sua imagem, o incenso apropriado, uma taça com água e outra com vinho, mantendo a pedra da cor de preferencia do cigano em um suporte de alumínio, fazendo oferendas periódicas para ciganos, mantendo-o iluminado sempre com vela branca e outra da cor referenciada. Da mesma forma quando se tratar de ciganas, apenas alterando a bebida para licor doce.

E sempre que possível derramar algumas gotas de azeite doce na pedra, deixando por três dias e depois limpá-la.

Os espíritos ciganos gostam muito de festas e todas elas devem acontecer com bastante fruta, todas que não levem espinhos de qualquer espécie, podendo se encher jarras de vinho tinto com um pouco de mel.

Podendo ainda fatiar pães do tipo broa, passando em um de seus lados molho de tomate com algumas pitadas de sal e leva-los ao forno, por alguns minutos, muitas flores silvestres, rosas, velas de todas as cores e se possível incenso de lótus.

As saias das ciganas são sempre muito coloridas e o baralho, o espelho, o punhal, os dados, os cristais, a dança e a música, moedas, medalhas, são sempre instrumentos magísticos de trabalho dos ciganos em geral.

Os ciganos trabalham com seus encantamentos e magias e os fazem por força de seus próprios mistérios, olhando por dentro das pessoas e dos seus olhos. Uma das lendas ciganas, diz que existia um povo que vivia nas profundezas da terra, com a obrigação de estar na escuridão, sem conhecer a liberdade e a beleza.

Um dia alguém resolveu sair e ousou subir às alturas e descobriu o mundo da luz e suas belezas. Feliz, festejou, mas ao mesmo tempo ficou atormentado e preocupado em dar conta de sua lealdade para com seu povo, retornou à escuridão e contou o que aconteceu.

Foi então reprovado e orientado que lá era o lugar do seu povo e dele também. Contudo, aquele fato gerou um inconformismo em todos eles e acreditando merecerem a luz e viver bem, foram aos pés de Deus e pediram a subida ao mundo dos livres, da beleza e da natureza.

Deus então, preocupado em atende-los, concedeu e concordou com o pedido, determinando então, que poderiam subir à luz e viver com toda liberdade, mas não possuiriam terra e nem poder e em troca concedia-lhes o Dom da adivinhação, para que pudessem ver o futuro das pessoas e aconselha-las para o bem.

É muito comum usar-se em trabalhos ciganos moedas antigas, fitas de todas as cores, folha de sândalo, punhal, raiz de violeta, cristal, lenços coloridos, folha de tabaco, tacho de cobre, de alumínio, cestas de vime, pedras coloridas, areia de rio, vinho, perfumes e escolher datas certas em dias especiais sob a regência das diversas fases da Lua…”

 

Trecho extraído do livro “Rituais e Mistérios do povo Cigano” de Nelson Pires Filho Ed.Madras.

 

Umbanda - Hospital da Alma



É assim que a Umbanda deve ser vista, considerada e reconhecida por todos como um " Pronto Socorro espiritual e de utilidade pública".

A Umbanda como religião, inicialmente, quando veio a mensagem do Caboclo das Sete Encruzilhadas, porque a Umbanda é uma religião?

- Porque se baseia em credo; ela crê que o espírito, sobreviva à matéria e isso, aliás, é um ponto filosófico, pertinente a muitas outras manifestações religiosas, quer ocidentais, quer orientais; ela crê na lei Kármica, não na lei do Karma (fundamento Hinduísta, de que há um Deus que cobra do espírito encarnado os erros de outra encanações). Nós Umbandistas não cremos nesta cobrança por Deus, porque “pagamos” erros que cometemos através do nosso livre arbítrio. E devido a isto, no momento em que cometemos este erros, ferimos uma Lei Universal - a lei do retorno contraindo neste momento uma “dívida”. A lei do retorno quer dizer que toda ação tem uma reação contrária no mesmo sentido, com o mesmo volume. Então na reação do espírito encarnado, cuja presença da cobrança independe de qualquer outro fato, a não ser a nossa própria vontade, é que abrimos um canal pelo nosso próprio erro, pela nossa falha, pela nossa omissão, estando num plano muito mais baixo de Deus, um criador, uma força divina.

Cremos também na reencarnação. A reencarnação no ocidente veio até os tempos modernos ou contemporâneos, através mais do Kardecismo (doutrina espírita, codificada por Allan Kardec, cujo nome verdadeiro é Hyppolyte Léon Denizard Rivail, de nacionalidade Francesa) do que qualquer outra manifestação religiosa. Não é uma crença Kardecista porque alguns milênios antes de nosso mestre Jesus aparecer, já existia o reencarnacionismo, inclusive altamente cultuado em dois pontos do planeta: Alto Egito e na Mesopotânia.

A Umbanda surgida deste movimento que ultrapassou a condição de culto para uma religião, agora deve ser considerada também, como "Hospital da Almas" - a prática da caridade, no sentido do amor fraterno em benefício dos seus irmãos encarnados, qualquer que seja sua raça, seu credo e sua condição social. Não podendo haver ambiciosos, vaidosos, mistificadores, pois estes, mais cedo ou mais tarde , serão afastados da Umbanda pelos espíritos de Luz.

A prática do bem, somente o bem seguindo a ordem de que “fora da caridade não há salvação”. Nós atendemos as criaturas que são portadoras de desequilíbrios, pessoas desanimadas, desorientadas, propensas ao suicídio, traumatizadas. Pessoas que chegam à vida humana portadoras de anomalias que a medicina e a ciência convencional não explicam. Outras que chegam as nossas portas pela curiosidades de falar com um "Espírito", tirar uma consulta, como por exemplo para saber sobre o futuro, resolver seus problemas, os mais variados possíveis nunca pensando em que: "Melhorar de vida não è melhorar A vida."

Pensam os inconscientes que é só dirigir-se a uma Entidade, pedir e conseguir aquilo que deseja? Puro engano. Quando a Umbanda é praticada em sã consciência e o médium é íntegro na sua missão de ser o intermediário entre um Guia, nada pode temer. Caso contrário, suas manifestações mediúnicas não passarão de chantagens e puras mistificações, aí sim, mais cedo ou mais tarde, receberão o castigo merecido.

O Umbandismo veio para orientar, doutrinar, desenvolver e explicar que a mediunidade uma faculdade, é um desequilíbrio que marca até organicamente a pessoa. Para atender e dar aquela assistência espiritual aos necessitados, desamparados, sofridos e carentes de um alívio e até uma possível cura dos seus males físicos, espirituais e sociais.

         Tenda Espírita Caxana

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Sujar ou Se Beneficiar das Energias? Locais Sagrados na Umbanda.



Na Umbanda existem "dogmas" como em qualquer religião. Em cumprimento a esses dogmas e também aos rituais, existem aqueles que necessitam ser praticados fora do templo. Desta forma, é comum constatar que os umbandistas realizam alguns de seus trabalhos fora do ambiente dos templos.

Essa prática, cada dia mais comum, no entanto, tem transformado locais sagrados da Umbanda consagrados aos Guias, aos Orixás e a outras religiões, em verdadeiros depósitos de lixo. Isso porque alguns infelizes infiltrados em nosso meio, que se dizem umbandistas, ou então alguns irmãos umbandistas mal preparados, fanáticos e que normalmente não sabem o que fazem, levam às nossas praias, matas, cachoeiras, pedreiras, rios e lagos uma série de objetos, que muitas vezes nada têm em comum com os dogmas da Umbanda.

Esses locais de forte campo vibratório, consagrados ao plano astral da Umbanda e também a outras religiões, são a cada dia maculados, de forma que hoje é comum notarmos em nossas matas e nas cachoeiras matanças de animais. Quem pratica essas barbaridades não é o umbandista verdadeiro e sim o infeliz mistificador ou o ignorante mal preparado.

        Essas pessoas, na realidade, não têm idéia do que estão fazendo no local, ao local e a elas mesmas. Desconhecem o valor sagrado, vibratório e espiritual desses locais.

As cachoeiras, que são domínios de Xangô, são de natureza vibratória limpa e condensam energias positivas, desta forma, não sintonizam com energias ou pensamentos negativos ou relacionados à magia negativa. Nos locais sagrados da Umbanda, a figura do elemento exú também está presente, mas apenas como guardião do local. Quem ensina obrigações negativas nesses locais é o quimbandeiro, que procura destruir a todo custo a prática da magia positiva ou então é o louco vampirizado, que acredita ser umbandista, praticando coisas que julga corretas já que aprendeu essa conduta com outros mais errados do que ele. E esse homem mal preparado irá, no futuro, formar outros, talvez mais fanáticos do que ele mesmo.

O umbandista que desejar entrar em sintonia com seus Guias e Orixás não deve em hipótese alguma sujar esses locais consagrados. Se tiver que ir a uma cachoeira acender uma vela (desde que saiba o que está fazendo com ela) faça-o, mas faça-o de forma que não suje as pedras e se possível permaneça no local até que a vela se apague. Depois raspe-a e enterre os resíduos. Você com certeza se sentirá melhor.

Salve a Nossa Querida Umbanda. Paz, Luz, Amor e Caridade.
.

As Três Virtudes do Homem



A ti homem, foram-te dadas Três Virtudes que carregas no coração, ou não! Porque junto a tudo que te foi dado, também recebeste o livre arbítrio! E como tal és livre como a água que corre nas fontes, as fontes arquitetadas ao pormenor com amor, para que lembres que para seres feliz deves senti-las como verdades para não morreres pobre, como serpente de cabeça esmagada.


Que sejais num homem livre!
Onde “Correrão dele águas vivas”
numa fonte de vida
a vida que tens nas tuas mãos.
Que possas acreditar
que o alcance dos teus sonhos e desejos
estão a um passo de ti!
Tudo à docilidade da tua confissão.

Que sejais Esperança
num sábio da Arca de Noé!
“Arca na qual...se salvaram almas”
à tua confiança e glória aludir
para que sejas capazes
de ultrapassar qualquer dilúvio!

Que sejais Caridade, porque ela é
“a maior das virtudes”!
Simbolicamente deixo-te
uma estátua de mulher
com duas crianças nos braços
cuja água jorra do coração de uma delas
um alegórico à Bondade e à Paz!


Umbanda é Fé, Esperança e Caridade.


Fonte: http://cabanadepaijose.blogspot.com/

Do Kimbanda à Quimbanda: Encontros e Desencontros


 Mario Teixeira de Sá Junior
RESUMO: Este artigo trata da transformação pela qual passaram os sacerdotes africanos participantes das religiões de culto aos antepassados, das regiões de Angola e do Congo, chamados de Kimbanda e Nganga, respectivamente. O contato com os colonizadores europeus, que traziam no seu imaginário os conceitos de feitiçaria e práticas mágicas, acabou por ressignificar os seus costumes religiosos. De sacerdotes desses cultos, acabaram sendo vistos como feiticeiros e praticantes de magias negras. Ao lado desse rótulo externo, os cultos, dirigidos pelo Kimbanda e Nganga, foram se transformando, através de uma dinâmica cultural com as religiões e religiosidades européias e indígenas, gerando cultos como a cabula, o calundu e a macumba, que no século XX, formaram matrizes religiosas como a Umbanda.
Palavras-chave: Religiosidade afro-brasileira; Umbanda; Quimbanda.

ENTRE O KIMBANDA E A QUIMBANDA
Quimbanda é uma palavra da Língua Portuguesa originada do Quimbundo kimbanda, língua do tronco lingüístico Banto. Segundo Lopes (2003, p.187) significa “uma linha ritual da Umbanda” ou “sacerdote do culto de origem banta”. O termo corresponde ao nganga, da língua Quicongo. O dicionarista Aurélio (FERREIRA, 1985, p.1174) concorda, em parte, com essa definição. No entanto, para ele, o seu significado, além de indicar o sacerdote e o médico, indica também o feiticeiro. Indo além, ele a identifica com o ritual de Macumba. Essa palavra, por sua vez, em seu dicionário, vem associada à idéia de bruxaria e magia negra (FERREIRA, 1985, p.863).
Para o autor do dicionário Banto o significado de feiticeiro, na língua Quimbundo, seria outro: mujoli e na Quicongo seria ndoki. O quimbanda seria apenas o sacerdote ou o médico ritual. Em Lopes, kimbanda não aparece associada ao léxico Macumba. O autor chega a afirmar que “estranhamente, no Brasil, a quimbanda é tida como linha de prática maléfica” (LOPES, 2003, p.187). Procurando em um dicionário umbandista o significado se aproxima mais de Holanda que de Lopes. Segundo ele a quimbanda seria “a mesma coisa que magia negra” (PINTO, [1970], p.159).
Em pesquisas realizadas pelo autor (SÁ JUNIOR, 2003) em casas religiosas - terreiros - de Umbanda das cidades do Rio de Janeiro – RJ e Dourados – MS, e outras realizadas por outros intelectuais acadêmicos (BRUMANA & MARTÌNEZ, 1991; NEGRÃO, 1996) é possível constatar que no discurso dos adeptos dos terreiros a palavra quimbanda significa ora uma expressão ligada à feitiçaria ou a magia negra, ora a uma gira – seção – realizada dentro da própria Umbanda.
Essa é a visão do líder espiritual do terreiro, Tenda de Umbanda Caboclo Tupinambá, Sebastião, em Dourados - MS. Segundo ele, “trabalhar na quimbanda é fazer uma gira de exu”, o que ocorre normalmente em seu terreiro de Umbanda aproximadamente de dois e dois meses. Ele também reconhece que a palavra sugere fazer o mal, mas que, como é comum no discurso dos adeptos da Umbanda, afirma não realizar tais práticas em seus terreiros.
Assim, a quimmbanda aparece no discurso umbandista ora como prática inserida na própria Umbanda, através de uma gira de exu, ora como categoria de acusação, onde membros de um terreiro acusam a outros participantes ou terreiros de praticante da magia negra. É possível percebê-la ainda, como trabalhos realizados para diversos fins que chegam a envolver práticas do Vodu como os envultamentos (utilização de bonecos em forma humana em substituição ao corpo da pessoa que deseja atingir). Essas últimas, são práticas religiosas – trabalhos – normalmente pagos por aqueles que desejam se utilizar das prerrogativas da magia negra para obter fins materiais, espirituais ou afetivos.
A princípio pode parecer que as diversidades de informações religiosas, aqui apresentadas, sejam elementos distintos ou contraditórios; ledo engano, parafraseando Brumana e Mártinez ao se referirem ao universo umbandista, elas exprimem um “microcosmo da sociedade brasileira” e, “não dizem pouco” sobre o mesmo (BRUMANA & MARTÌNEZ, 1991, p. 143). Elas expressam um pouco da história, dos conflitos e combinações (VIANNA, 2000), representações e apropriações (CHARTIER, 1986) das matrizes geradoras da cultura brasileira, de seus hibridismos e sua dinâmica (CANCLINI, 1998; BHABA, 1998). Mergulhar nesse universo histórico-cultural acaba por oferecer elementos maiores que o entendimento das práticas afro-brasileiras. Permite conhecer um pouco da história do Brasil.

AS ORIGENS DA FEITIÇARIA E PRÁTICAS MÁGICAS E SEU APORTE NO BRASIL
Laura de Mello e Souza afirma que “a feitiçaria abarca práticas mágicas e rituais em praticamente todas as sociedades”. No que diz respeito à sociedade ocidental é possível perceber a presença da feitiçaria nos atos da Circe de Homero, na Canídia de Horácio ou nas feiticeiras medievais. Em comum, os exemplos citados possuem a idéia de maleficium, ou seja, “atos rituais que visam lesar pessoas ou propriedades”, realizados, normalmente através de um ato individual de um feiticeiro (SOUZA, 1988, p. 30).
Ao final da Idade Média e início da Moderna esse discurso religioso ganha substância com os manuais dos inquisores e de livros como o escrito, em 1486, pelos dominicanos Jacob Sprenger e Henrich Kramer, intitulado Malleus Meleficarum. Nesses trabalhos as idéias de feitiçaria e bruxaria vão ganhando significantes diferentes. Ainda segundo Laura “alguns especialistas enfatizam o caráter individual da feitiçaria e o caráter coletivo da bruxaria” (SOUZA, 1988, p. 32). A feiticeira seria a pessoa que invocaria as forças do mal enquanto a bruxaria seria a personificação do próprio mal.

     FEITIÇARIA: ENTRE A SALVAÇÃO DO CORPO E A DANAÇÃO DA ALMA
Esse não é um mundo onde a feitiçaria e as práticas mágicas são sempre execradas. “No cotidiano da colônia, céu e inferno, sagrado e profano, práticas mágicas primitivas e européias ora se aproximavam, ora se apartavam violentamente” (Souza, 1986, p.149). Entre um extremo e outro, um universo a ser vivido e aproveitado.
Em uma correspondência do Governador do Rio de Janeiro ao Conselho Ultramarino (1725-1728), respondendo à sugestão do Rei em mandar escravos angola para a região das minas, ele coloca que além dos escravos minas serem mais fortes e robustos eles eram afeitos à feitiçaria, o que auxiliaria na descoberta de ouro. Indo além, o governador relata que não há mineiro que possa viver sem uma negra mina, dizendo que só com elas tem fortuna (LARA, 2000). Aqui, a feitiçaria é vista, sem parcimônia, como algo positivo na procura do ouro.
Esse tipo de postura também ocorre na metrópole portuguesa. Ao pesquisar processos inquisitoriais sobre as negras africanas, em Portugal, Pantoja percebe a ambigüidade das possibilidades de um(a) feiticeiro (a). Segundo ela
Um reconhecimento público por ser bruxa, feiticeira, ou de se entender com o diabo, podia resultar em severa punição pelo Santo Oficio, até mesmo a morte”. No entanto, “algumas vezes poderia significar uma vida razoável com pagamentos do seus préstimos e um certo prestigio social (2000, p. 6).
Esse espaço, entre a salvação do corpo e a danação da alma, possuía local, dia e hora para acontecer na colônia. E não pareciam tão secretos assim. Um documento do ANTT, apresenta uma denúncia registrada em 1760, na Vila de Itaubira, em Minas Gerais onde é possível se perceber que as reuniões de feiticeiro(a)s e eram conhecidas.
“...A negra Angela Maria Gomes, da nação Courana, forra, enfamada de ser mestre feiticeira, foi surpreendida com outras mulheres desenterrando um defunto no adro da Igreja de Nossa Senhor da Boa Viagem, e utilizando, além dos restos mortais, morcego e bode na confecção de seus feitiços, reunindo muita gente em sua casa, para os batuques que se realizavam todas as terças e sextas feiras, religiosamente”(apud MOTT, 1996, p.115)
Em uma visita ao Mato Grosso Bruno Pinna (s.d.[1785], p.16) registra uma denúncia em que
João Pedroso de Almeida homem branco ouviu dizer Antonio Reinol escravo do Alferes Joaquim Jose da Gama que um seu parceiro que assiste nas Lavras do Cristal chamado Antonio mina escravo do mesmo Alferes Joaquim José é feiticeiro, e que com seus malefícios danificara a outro escravo do mesmo Alferes chamado José o qual ficou enfermo distando pela boca carvão, agulhas e outras imundices, que o irmão dele testemunha chamado Ignacio de Almeida Lobo viu deitar e que ouviu dizer que o tal feiticeiro se presava de o ser.
A denúncia, além de relatar a composição de práticas mágicas, a princípio européias, em rituais de escravos africanos, afirma que o feiticeiro “presava de o ser”. Mott (1999, p. 2), registra em um texto seiscentista, que a palavraquimbanda é associada ao homossexualismo.
Há entre o gentio de Angola muita sodomia, tendo uns com os outros suas imundícies e sujidades, vestindo como mulheres. Eles chamam pelo nome da terra: quimbandas, os quais, no distrito ou terras onde os há, têm comunicação uns com os outros. E alguns deles são finos feiticeiros para terem tudo mau e todo o mais gentio os respeita e os não ofendem em coisa alguma.
Apesar de se obter mais um significante para a palavra quimbanda, o que, para fins desse artigo merece destaque na citação é que mesmo sendo o quimbanda um homossexual, o que era reprimido pela moral cristã, ele era respeitado por ser feiticeiro. Esse fragmento proporciona uma visão de que as perseguições realizadas pelos órgãos oficiais da Igreja não transformavam as práticas de feitiçaria em algo não aceito por parte sociedade colonial brasileira.
Não é difícil se perceber, se partirmos de um imaginário tão afeito a essas práticas, que o ser feiticeiro poderia gerar um capital, simbólico e/ou material, para os seus praticantes, conforme o demonstrado com os casos acima citados. Os praticantes da feitiçaria transformavam os seus poderes em moeda de troca, numa sociedade que se lhe mostrava tão adversa, benefícios que, por certo, seriam utilizados por outros grupos sociais, não escravos.
A tolerância por parte dos senhores de escravos e mesmo de clérigos em relação as suas manifestações culturais foi uma prática no Brasil escravista. Antonil afirma que
Negar-lhes totalmente os seus folguedos, que são o único alívio do seu cativeiro, é querê-los desconsolados e melancólicos, de pouca vida e saúde. Portanto, não lhes estranhem os senhores o criarem seus reis, cantar e bailar por algumas horas honestamente em alguns dias do ano, e o alegrarem-se inocentemente à tarde depois de terem feito pela manhã suas festas de Nossa Senhora do Rosário, de São Benedito, e do orago da Capela do Engenho (s.d.[1711], p.161).
Benci (1977) e Pereira (1929), no século XVIII, vão além. Eles denunciam que alguns senhores de engenho não apenas toleravam os encontros religiosos, como por vezes os estimulavam. Num universo onde se aproximar ou se apartear, combinar ou divergir faz parte da mesma realidade, negros, como os kimbandas e os ngangas, sofreram perseguições, mas também puderam utilizar seus conhecimentos religiosos visando uma melhor participação no corpo social.
Em alguns casos, mais que tolerar e encorajar alguns homens de outros segmentos sociais acabavam por participar das práticas da feitiçaria. Em uma Postura Municipal da primeira metade do século XIX, se encontra o registro de que
Todo indivíduo, branco ou preto forro, que em sua casa fizer ajuntamento de pretos que dizem feitiçarias ou Bangalez, ainda mesmo que consista em sua casa desamparada por esta forma de seus senhores, incorrerá em pena de 15 dias de prisão e dez mil-réis de condenações pagos na cadeia (POSTURAS, 1831).
Em uma outra de 1845, se afirma que
Todo o que a título de curar feitiços, ou de adivinhar, se introduzir em qualquer casa, ou receber na sua algum para fazer semelhantes curas por meios supersticiosos e bebidas desconhecidas, ou para fazer adivinhar e outros embustes será multado, assim como o dono da casa (POSTURAS, 1845).
Ora, as leis, historicamente criadas para por no lugar o que está fora de ordem, nesse caso denunciam a participação de homens brancos. Elas não se remetem especificamente aos escravos ou negros forros. O feiticeiro negro se tornava, pouco a pouco, de todas as cores.

FEITICEIRO: UM MESTIÇO DE CORPO E ALMA
O contato entre os imaginários europeu, americano e africano não se furtou em realizar trocas, ressignificações e apropriações. Em momentos específicos uma das identidades do feiticeiro poderia ser privilegiada. Um cucumbi registrado por Melo Morais Filho, na segunda metade do século XIX, teatraliza a luta entre um caboclo brasileiro e um feiticeiro negro. Nele, Mameto, o filho da rainha – provavelmente a famosa nzinga dos angolas – é morto pelo caboclo. O feiticeiro é chamado e, demonstrando o seu poder, ressuscita Mameto e vence o caboclo brasileiro (KARASCH, 2000, p. 334). Aqui a identidade apresentada é do feiticeiro africano contra o brasileiro, aqui representado na figura do caboclo. Mas, a identidade do feiticeiro é cada vez mais plural, resultado de um longo diálogo cultural.
Em depoimento ao Santo Ofício a escrava Joana Pereira de Abreu relata uma experiência, que se pode dizer, sabática (apud: MOTT, 1997, p. 209). Ela relata que era transportada misteriosamente e [...] logo se achavam no campo do enforcado donde está já como superiora de todo o Congresso a Mestra Cecília, sentada em um banco ou tripeça. [...] O Congresso é numero de mulheres trazidas, como suponho, da mesma sorte de várias partes de terras distantes, mas eu as não conheço, não lhes sei os nomes. No Congresso há mulheres de todas as cores e castas. Também aparecem homens: mas estes, julgo não serem homens, mas demônios em figura humana. Não nos falamos mais que estas palavras que nos dizemos umas às outras: Camaradas, nós vimos os nossos amores. Depois de assim juntas nesse Congresso e cada uma com o seu, se fazem as cerimônias, as adorações e arrenegações etc., depois de a Mestra Cecília dizer em voz alta para todo o Congresso estas palavras; acabou-se a nossa Vida Nova, bem nós podemos ir embora. Logo desandava eu com as três colegas as sessenta ou setenta léguas e nos achávamos logo nas cajazeiras.(ANTT, IL, Caderno do Promotor n 121, 27/4/1758)
Esse relato muito se aproxima do descrito por Ginsburg (1991, p, 9) onde Bruxas e feiticeiros reuniam-se à noite, geralmente em lugares solitários, no campo ou na montanha. Às vezes, chegavam voando, depois de ter untado o corpo com ungüento, montando bastões ou cabos de vassouras; em outras ocasiões, apareciam em garupas de animais ou então transformados eles próprios em bicho. [...] Seguiam-se banquetes, danças, orgias sexuais. Antes de voltar para casa, bruxas e feiticeiros recebiam ungüentos maléficos, produzidos com gordura de criança e outros ingredientes.
Sem desqualificar o papel formatador de depoimentos, realizados pelos membros dos tribunais que inquiriam os denunciados, é possível perceber um conhecimento do imaginário europeu pela escrava. Uma especificidade do seu discurso chama a atenção: a presença de mulheres de todas as cores e castas. Esse não é um depoimento isolado. A presença de vários grupos étnicos e sociais no universo das práticas mágicas é registrada em vários outros tipos de documentos e em séculos também variados.
Esses documentos permitem confirmar que essas aproximações não se dão apenas no campo étnico-social. As combinações, reinterpretações e apropriações são também realizadas no campo das religiosidades. O kimbanda de Angola, o Nganga do Congo, dentre outros feiticeiros de origem africana, compõe com matrizes da feitiçaria e práticas mágicas indígenas e européias. Desse hibridismo cultural (CANCLINI, 1998) são forjadas práticas religiosas que vão se distanciando se suas origens e produzindo novas identidades, modelos ímpares e brasileiros.
Assim, Maria Padilha, dos autos da inquisição espanhola, desembarca no Brasil e se torna rainha das giras de exu, das macumbas cariocas (MEYER, 1993). E, com ela, o nosso feiticeiro negro, Kimbanda ou Nganga, se amasia, sob as bençãos de Iara. Desse encontro, são gestados verdadeiros macunaímas, que contribuem para a formação do “povo brasileiro”; povo esse, que no dizer de Romero “é um mestiço, se não no sangue nas idéias” (ROMERO, 1949:85). Indo além, pode-se dizer que é um mestiço, no sangue, nas idéias e na alma: essa é a receita de ser brasileiro.
Respeitando as especificidades do Brasil colonial e de suas práticas mágicas, é possível percebermos a continuidade do discurso mágico no Império e na nascente República. Nina Rodrigues, o pioneiro nos estudos da religiosidade afro-brasileira, registra, em relação à sociedade baiana que [...] todas as classes, mesmo a dita superior, estão aptas a se tornarem negras. O número de brancos, mulatos e indivíduos de todas as cores e matizes que vão consultar os negros feiticeiros nas suas aflições, nas suas desgraças, dos que crêem publicamente no poder sobrenatural dos talismãs e feitiços, dos que em muito maior número, zombam deles em público, mas ocultamente os ouvem, os consultam, esse número seria incalculável... (1935:186).
Um contemporâneo de Nina, o cronista João do Rio diz, se referindo à sociedade do Rio de Janeiro, que “é provável que muita gente não acredite nem nas bruxas, nem nos magos, mas não há ninguém cuja vida tivesse decorrido no Rio sem uma entrada nas casas sujas onde se enrosca a indolência malandra dos negros” (RIO, 1951, p. 34). Ou ainda:
Eu vi senhoras de alta posição saltando, às escondidas, de carros de praça, como nos folhetins de romances, para correr, tapando a cara com véus espessos, a essas casas; eu vi sessões em que mãos enluvadas tiravam das carteiras ricas notas e aos gritos dos negros malcriados que bradavam (RIO, 1951, p. 41).
Sobre o poder das práticas de feitiçaria na sociedade carioca, bastante comuns nas religiões de possessão, é ainda João do Rio que oferta uma pérola, ao dizer que
Vivemos na dependência do Feitiço, dessa caterva de negros e negras de babaloxás e yauô, somos nós que lhes asseguramos a existência, com o carinho de um negociante por uma amante atriz. O Feitiço é o nosso vício, o nosso gozo, a degeneração. Exige, damos-lhe; explora, deixamo-nos explorar e, seja ele maitre-chanteur, assassino, larápio, fica sempre impune e forte pela vida que lhe empresta o nosso dinheiro (RIO, 1951, p.35).
A crença no feitiço extrapola o campo da religiosidade. Se antecipando à Constituição de 1891, - que em seu Art.72, parágrafo 3 afirma que “todos os indivíduos e confissões religiosas podem exercer pública e livremente o seu culto, associando-se para esse fim e adquirindo bens, observadas as disposições do direito comum” -, o Código Penal de 1890 assim se refere sobre essas questões:
Art. 156 – Exercer a medicina em qualquer dos seus ramos e a arte dentária ou farmácia: praticar a homeopatia, a dosimetria, o hipnotismo ou o magnetismo animal, sem estar habilitado segundo as leis e regulamentos.
Art. 157 – Praticar o espiritismo, a magia e seus sortilégios, usar talismãs e cartomancias para despertar sentimentos de ódio e amor, inculcar cura de moléstias curáveis ou incuráveis, enfim para facilitar e subjugar a credulidade pública.
Art. 158 – Ministrar, ou simplesmente prescrever, como meio curativo para uso interno ou externo e sob qualquer forma preparada, substância de qualquer dos reinos da natureza, fazendo, ou exercendo assim, o ofício denominado de curandeiro.
Segundo Maggie, “ao serem instituídos, os artigos revelaram, da parte dos autores, temor dos malefícios e necessidade de se criar modos e instituições para o combate” (1992, p.22). As leis republicanas referendavam a existência do feitiço e dos feiticeiros, lhes reconhecendo os poderes, a tal ponto, que era preciso criar uma jurisprudência que pudesse combatê-los.

A CONSTRUÇÃO DA ALVA NAÇÃO BRASILEIRA
Nessa dinâmica cultural o kimbanda, da língua quimbundo, sai de cena, nas transformações históricas entre a Colônia e a República. Em seu lugar surge a quimbanda. Essa, representando uma das sínteses do imaginário brasileiro, no que diz respeito às práticas mágicas, da feitiçaria e da medicina natural, tendo por base os cultos de origem africana.
Contudo, a capacidade camaleônica do feiticeiro continuava a ser observada pelo olho do poder. Enquanto o país vivia o espetáculo das raças, o sonho de se produzir uma sociedade branca, seguindo os modelos europeus, foi ganhando forma a partir da segunda metade do século XIX. Cientificismo, superioridade racial, evolucionismo e civilização (SCHWARCZ, 1993) eram expressões que se opunham à permanência do mundo do feitiço.
Seguindo esse modelo, vozes dissonantes se fizeram presentes dentro do próprio movimento da religiosidade afro-brasileira. Oriundos de setores médios da sociedade brasileira, participantes dos cultos afro-brasileiros, iniciaram a construção de um discurso que visava afastar o passado africano da religião, aproximando-o de um outro discurso, o proposto pelo mundo do poder (SÁ JUNIOR, 2004).
Esse, foi forjado tendo por base teorias como o evolucionismo social, o positivismo, o naturalismo e o darwinismo social, provindas do cientificismo e geradas na Europa. Realizando, sobre as mesmas, leituras específicas, muitas vezes empobrecendo os seus conteúdos, outras vezes adaptando-as à nossa realidade social, esses intelectuais procuram construir uma história para o Brasil seguindo as propostas eugenistas, de embranquecimento racial (SCHWARCZ, 1993).
Os discursos desses religiosos passam a ser produzidos nos estatutos de centros, federações e confederações, e em livros. Esse fenômeno ganha impulso principalmente após o Primeiro Congresso Umbandista de 1941. Neles se buscava seguir o modelo de embranquecimento, agora em sua própria religiosidade. A quimbanda, possuidora das críticas seculares, agora devia ser excluída do discurso religioso, ocupando um papel, já proposto pelo imaginário social: o demoníaco.
Para substituí-la os escritores umbandistas tentaram, em um primeiro momento a palavra espiritismo, logo rechaçada pelos adeptos da Doutrina Espírita – kardecista – de matriz européia. Em relação à essa tentativa Isaia afirma que:
A aproximação tentada pelos primeiros umbandistas com o kardecismo no Brasil, contou com enérgica oposição dos círculos espíritas do centro do país. Esses não admitiam a ligação entre o kardecismo, que se credenciava à sociedade com uma identidade próxima aos valores consentidos pela elite e a Umbanda, ainda presa a conteúdos imagéticos que a confinavam aos subterrâneos sociais. (2003, p. 5)
A solução foi adotar a expressão Umbanda que, como quimbanda e macumba, já faziam parte do discurso dos seus religiosos. Carneiro oferece um registro dessa questão ao escrever que o grão-sacerdote de Angola, o Quimbanda, passou ao Brasil com os nomes de Quibanda, Quimbanda, umbanda, embanda e banda (do mesmo radical mbanda), significando ora feiticeiro ou sacerdote, ora lugar da macumba ou o próprio processo ritual.
A palavra Umbanda, que é derivada de Ki-mbanda, merece um registro especial, pois tomou no Brasil o significado geral da própria religião dos negros do Rio de Janeiro (CARNEIRO, s.d., p. 285).
Escritores que participaram do congresso citado e seus seguidores, passaram a produzir uma literatura que afastasse a expressão Umbanda, que era colocada como a magia branca, da quimbanda e da macumba, vistas como magia negra. Obras como Umbanda (magia branca) e quimbanda (magia negra), de Lourenço Braga passaram a ser produzidas no Brasil. Nela a Quimbanda teria reforçado o seu lado demoníaco pois Lúcifer ou Maioral de Quimbanda, que é o seu supremo chefe, é um espírito que possui luz vermelha forte, luz essa, cujos raios se estendem a uns cem metros. É de aspecto agradável e bonito, é moreno claro, usa bigode pequeno, possui pequeninos chifres, tem olhos brilhantes, é bem feito de corpo, sua altura aparente ser de 1,80, usa uma espada dourada, usa botas e uma capa prateada de fundo vermelho e tem sobre os olhos uma máscara (BRAGA, 1961, p.26)
.Matta e Silva, um dos escritores de maior vendagem no mercado editorial religioso umbandista, corroborando na construção do discurso acima, afirma que “a palavra Umbanda foi revelada (e não criada pelos humanos) (1995, p.23)”. Em outra obra ele atribui o surgimento das macumbas, catimbós, quimbandas e magia negra à degeneração do candomblé de caboclo. Afirma que os “terreiros de macumbas, [...] aos quais damos as denominações de quimbanda ou magia negra” representavam na década de 1960, cerca de trinta por cento da totalidade dos terreiros (1977, p.20). Esse é um discurso onde outros terreiros, que não se enquadram no conceito de Umbanda do autor, são vistos como de quimbanda. Esta é, nitidamente, uma utilização da expressão Quimbanda como categoria de acusação.
Outro inimigo das práticas mágicas e de feitiçaria foi a Igreja Católica, que volta o seu olhar para a Umbanda por volta da segunda metade do seúclo XX, com o processo de romanização. O maior representante para esses assuntos e algoz dos praticantes da Macumba é o Frei Boaventura Kloppenburg. Através de artigos publicados em jornais ou livros como A Umbanda no Brasil realizará os seus ataques. O campo preferido pelo Frei é o da medicina. Seguindo a lógica de Nina Rodrigues, ele verá nas manifestações mediúnicas uma demonstração de anomalias psíquicas. Os médiuns são enquadrados no campo das doenças psicossomáticas. A utilização do argumento de práticas demoníacas, utilizadas contra os kardecistas, tão comuns na primeira metade do século XX, cede lugar às explicações mais racionais e científicas para o fenômeno.
Para referendar o discurso médico, Kloppenburg elabora em 1953 um questionário, dirigido aos psiquiatras do Rio de Janeiro sobre a questão mediúnica. O resultado não poderia ser menos óbvio. As críticas sobre o fenômeno mediúnico serão contundentes e baseadas em explicações da medicina psiquiátrica.
[...] tornam-se médiuns autênticos os neuróticos de certa classe, - histéricos e obsessivos, que possuíam suficiente sugestionabilidade para crer e deixarem-se induzir, e certos dons volitivos, para resistirem às práticas monótonas e exaustivas, ensinamentos e execução do ritual espiritista. Os doentes que tenham uma psicose manifesta ou latente deixam-se identificar como tais e não levam a termo o “desenvolvimento”; todavia o seu delírio toma o colorido e a linguagem ou gíria espiritista do candomblé ou macumba” (ISAIA, 2001, p. 77-8).
Merece destaque nesse texto, além do linguajar médico-psiquiátrico, a utilização do termo macumba como categoria de acusação. Esta expressão, tão comum nos discursos dos adversários da Macumba, foi fundamental para a substituição dessa designação pelo termo Umbanda que, apesar de também perseguida, encontrava nos departamentos jurídicos de suas federações e confederações um instrumento legal para sua defesa.
Enquanto leis, forças policiais, religiosas e discursos eugenistas procuravam dar um fim às práticas de feitiçaria e magia, os terreiros se mantiveram como porta-vozes dessa práticas seculares.
Em O segredo da macumba, os autores procuraram destacar a luta entre Umbanda e Quimbanda, representando, respectivamente, o mundo da ordem e o da desordem. A pesquisa, dentro de uma ótica da contra-cultura, revela a existência de um espaço de resistência do mundo da desordem ao mundo da ordem nos terreiros de macumba. Nela A quimbanda exprime sempre o desejo total de libertação, o sonho de uma República negra – [onde] a libertação do homem oprimido e escravo será total ou inexistente.
Por outro lado a Umbanda conta a história da repressão sangrenta deste desejo, isto é, a submissão a “Oxalá” senhor do céu e da terra, o rei de Portugal e seu aparato colonial de repressão (Lapassade e Luz, 1972, p. xi).


CONSIDERAÇÕES FINAIS
O Kimbanda, em contato com as matrizes religiosas européias e indígenas, acabou se transformando na Quimbanda e recebendo três significados. O primeiro, como parte da própria Umbanda; uma gira que transcorre dentro dos terreiros de Umbanda, realizadas através dos Exus. A segunda, uma categoria de acusação, onde, absorvendo as críticas européias sobre a feitiçaria, acabam acusando terreiros, ou pessoas de realizarem a magia negra. Essa, propiciou uma terceira que passou a ser aproveitada por religiosos que utilizam as “possibilidades” da Quimbanda para realizarem feitiços como o de separar ou unir casais, atingir a um desafeto de seu cliente e, dentre outras coisas, desfazer o mal que outro quimbandeiro teria realizado. A produção do capital aqui transcende ao simbólico, tornando-se monetário, através de pagamentos feitos pela realização dos trabalhos.
A visão de que, grosso modo, a Quimbanda é, hoje, parte da Umbanda, é compartilhada por pesquisadores, como Reginaldo Prandi (1996, p.3), onde, segundo ele,
A umbanda se divide numa linha da direita, voltada para a prática do bem e que trata com entidades "desenvolvidas", e numa linha da "esquerda", a parte que pode trabalhar para o "mal", também chamada quimbanda, e cujas divindades, "atrasadas" ou demoníacas, sincretizam-se com aquelas do inferno católico ou delas são tributárias. Esta divisão, contudo, pode ser meramente formal, como uma orientação classificatória estritamente ritual e com frouxa importância ética. Na prática, não há quimbandasem umbanda nem quimbandeiro sem umbandista, pois são duas faces de uma mesma concepção religiosa.
Análise similar possuem Brumana & Martínez ao se referirem aos trabalhos de quimbanda realizados pela religiosa pesquisada. Eles afirmam que Os rituais [ditos de QUIMBANDA] que se desenvolviam em sua casa [da Índia] se diferenciavam muito pouco dos que podem ser vistos em qualquer terreiro umbandista (1991, p. 408).
Parte do discurso sobre o uso da feitiçaria é explicado através de uma lógica de defesa. Ela é usada para responder a um mal que um cliente ou filho de santo da casa recebe. Nesse caso, os trabalhos dequimmbanda se apresentam não como a realização de um feitiço e sim de um contra-feitiço, uma resposta ao mal recebido.
Em uma sociedade onde, historicamente, as possibilidades de serviços essenciais, como os de saúde e trabalho, são de difícil acesso para a maioria pobre, onde as discriminações de caráter étnico e social reduzem as possibilidades de uma mobilidade social, os serviços mágicos religiosos acabam por ser muito bem vindo. O feitiço e o feiticeiro são hoje partes integrantes da nossa sociedade, colaborando com os “sonhos de realizações” da nossa gente. Geertz em A interpretação da Cultura, chama a atenção para o papel da religiosidade como papel explicador e possibilitador da vida. Segundo ele o esforço [da religião] não é para negar o inegável – que existam acontecimentos inexplicados, que a vida machuca ou que a chuva cai sobre o injusto – mas para negar que existam acontecimentos inexplicáveis, que a vida é insuportável e que a justiça é uma miragem (GEERTZ, 1978, p.123).
Por que “onde olho não enxerga a umbanda é quem vê, vá buscar toda demanda [conflito, problema] que é p’ra na terra descer”.
Resistindo, combinado, ressignificando, apropriando, realizando hibridismos em uma dinâmica cultural; por mais que se apliquem conceitos explicativos, eles serão poucos para açambarcar um universo tão multivocal e polissêmico. Por certo entre o kimbanda e aquimbanda existe uma das muitas possíveis histórias do Brasil.
Por sua vez, o universo africano, extremamente plural, também convivia e dava destaque as práticas da feitiçaria. Ao se referir à cosmogonia dos bacongos Marina de mello e Souza escreve sobre o papel de dois líderes religiosos: os itomi e o nganga. Ao primeiro cabia o papel de se relacionar diretamente com as forças naturais; ao segundo o papel de serviços privados e trabalhavam “objetos mágicos indispensáveis a execução dos mitos religiosos ...”(SOUZA, 2002, p.65). Demonstrando a complexidade do papel desses feiticeiros, essa sociedade ainda possuía um outro tipo: o ndoki; esse um feiticeiro especializado “em ajudar seus clientes e prejudicar o próximo” (SOUZA, 2002, p.66). A importância desses líderes religiosos, em diversos grupos étnicos africanos, é referendada por Alberto da Costa e Silva em seu magistral livro A manilha e o libambo (2002).
Quando o velho mundo entra em contato com os novos – África, Ásia e América – o imaginário europeu já estava repleto das imagens de bruxas e feiticeiras. O monolitismo do catolicismo europeu estava longe de se configurar em uma realidade. Apesar de tentativas, como a do Concílio de Trento (1545), a uniformidade da Igreja não chegou a ser obtida. Ainda no século XVII “duas religiões diversas coabitavam na cristandade européia: a dos teólogos e a dos crentes...”(SOUZA, 1986, p.88). Os processos do tribunal do Santo Ofício, são ricos em informações que comprovam essa heterogeneidade religiosa.
Ao aportar no Brasil, os teóricos da feitiçaria e da demonologia européia irão identificar essas práticas com os modelos religiosos indígenas e africanos. Às praticas do Xamanismo tupi, Nóbrega chamou de feitiçaria (SOUZA, 1993, p.28). As práticas mágicas também se fazem presentes.“A desordem demoníaca está presente, por exemplo, nas descrições feitas pelos jesuítas Luís de Grã e Fernão Cardim dos hábitos que envolviam a alimentação e a moradia entre os tupis do Brasil” (SOUZA, 1993, p.34). Ao lado da feitiçaria e das práticas mágicas européias e indígenas se incorporariam as de matrizes africanas. As visitações do Santo Ofício ao Brasil registram, de forma crescente, desde o final do século XVI, essas atividades. Muitos escravos serão denunciados por essas práticas.

              Fonte: http://kimbada.blogspot.com/

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A Umbanda não é responsável pelos absurdos praticados em seu nome, assim como Jesus Cristo não é responsável pelos absurdos que foram e que são praticados em Seu nome e em nome de seu Evangelho. Caboclo Índio Tupinambá.

Caboclo Índio Tupinambá

Caboclo Índio Tupinambá
"...Onde quer que Você esteja... meu Menino... Estarei Sempre com Você... Anauê!"

Luz Crística

Pense Nisso...

"Estudo, requer meditação. A meditação leva a conclusões. E as conclusões fazem com que as pessoas modifiquem os seus hábitos e suas atitudes" – Dr. Hermann (Espírito) por Altivo Pamphiro (Médium)

Obras Básicas da Doutrina Espírita - Pentateuco Espírita

O Livro dos Espíritos - Contendo os princípios da Doutrina Espírita sobre a imortalidade da alma, a natureza dos Espíritos e suas relações com os homens, as leis morais, a vida presente, a vida futura e o porvir da humanidade – segundo o ensinamento dos Espíritos superiores, através de diversos médiuns, recebidos e ordenados por Allan Kardec. O Livro dos Médiuns - Contendo os ensinamentos dos Espíritos sobre a teoria de todos os gêneros de manifestações, os meios de comunicação com o Mundo Invisível, o desenvolvimento da mediunidade, as dificuldades e os escolhos que se podem encontrar na prática do Espiritismo. Em continuação de "O Livro dos Espíritos" por Allan Kardec. O Evangelho segundo o Espiritismo - Com a explicação das máximas morais do Cristo em concordância com o Espiritismo e suas aplicações às diversas circunstâncias da vida por Allan Kardec. Fé inabalável só é a que pode encarar a razão, em todas as épocas da Humanidade. Fé raciocinada é o caminho para se entender e vivenciar o Cristo. O Céu e o Inferno - Exame comparado das doutrinas sobre a passagem da vida corporal à vida espiritual, sobre as penalidades e recompensas futuras, sobre os anjos e demônios, sobre as penas, etc., seguido de numerosos exemplos acerca da situação real da alma durante e depois da morte por Allan Kardec. "Por mim mesmo juro - disse o Senhor Deus - que não quero a morte do ímpio, senão que ele se converta, que deixe o mau caminho e que viva". (EZEQUIEL, 33:11). A Gênese - Os milagres e a predições segundo o Espiritismo por Allan Kardec. Na Doutrina Espírita há resultado do ensino coletivo e concordante dos Espíritos. A Ciência é chamada a constituir a Gênese de acordo com as leis da Natureza. Deus prova a sua grandeza e seu poder pela imutabilidade das suas leis e não pela ab-rogação delas. Para Deus, o passado e o futuro são o presente.
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