Estes dias ouvi numa
rádio um programa religioso de um outro segmento em que um "pastor"
conversava com um ex-praticante de Magia Negativa. E os dois iam falando do
diabo, falando do capeta, falando do tinhoso e dizendo que o Espiritismo, a
Umbanda e o Candomblé servem ao capeta. O ex-mago negativo dizia que trabalhou
com mãe menininha, que trabalhou com Chico Xavier, que foi Maçom, foi tudo e
que tudo era magia negra. Que todos serviam ao dito cujo.
Eu poderia ficar com
raiva, poderia querer processar, poderia querer briga com o tamanho dos
absurdos que ouvi.
Mas é tamanha a
ignorância, é tamanho o desconhecimento do que está falando, é tão ridículo
fazer estas afirmações, que a gente deveria apenas ter dó e ter pena de gente
que usa de tais palavras para denegrir as praticas religiosas alheias.
Então não quero mais
briga, não quero mais passar raiva, não quero mais confronto quero apenas estar
junto de meus irmãos trabalhando o conhecimento, a cultura e a informação que
tornam tão ridículas estas afirmações.
Religião do capeta é
aquele que precisa do capeta para sobreviver. O "capeta" é alguém
contratado para manter vivas as religiões que vivem do exercício de combatê-lo.
Elas pagam para o capeta assombrar seus fieis e terem o status de mandá-lo
embora.
Religiões que criam o
medo em seus fiéis só para poder vender a cura do que eles mesmos criaram.
Discursos teológicos
infernais que alimentam o preconceito a ignorância, o separativismo, o
sectarismo, e principalmente o medo. Da mesma forma, pela mesma formula, alguns
se sentem os heróis os destruidores do mal, os caça capeta por estarem dentro
de um contexto em que o capeta é quem arregimenta seus fiéis. Se todos chegam
com medo do capeta, então é o capeta que está a seu serviço lhe encaminhando
fiéis.
Na Umbanda não temos
o capeta, não lutamos contra o capeta e não usamos o capeta para arregimentar
fiéis.
Como diria o saudoso
Pai Francelino de Xapanã, que negócio é este? Que capeta é este que toda semana
é expulso da Igreja e toda semana ele está de volta para ser expulso outra vez.
Que capeta é este?
Eu não sei!!!
Mas se ele existe seu
nome deveria ser ignorância, ego, vaidade, cobiça, desamor e etc. Combater isso
como um agente externo, pode funcionar de forma temporária.
Todos que estudam um
pouquinho mais sobre o ser humano e sua psique sabem que lutar contra a sua
sombra só faz ela crescer mais e mais.
Estão surgindo
lideres religiosos com sombras gigantes, com sombras cada vez maiores, que
exigem deles uma luta constante e ininterrupta. O que é muito desgastante,
cansativo e que mais hora, menos hora acaba fugindo ao controle.
Lutar contra a
sombra, cria uma dissociação do ser, tudo isso faz parte de nós e deve ser
conhecido, assumindo a responsabilidade por nossos atos movidos por nosso amor
ou por nosso desamor, por nosso saber ou por nossa ignorância, por nossa fé ou
por nossa ilusão. Devemos conhecer nossa sombra e colocar luz acima de nossas
trevas. Devemos nos conhecer e curar nossos desequilíbrios, medos e
frustrações.
Colocar a culpa no
capeta é fácil, no entanto trará muitos problemas para o futuro, pois todos que
colocam a “culpa” de seus atos num agente externo estão perdendo a oportunidade
de se conhecer e assumir as rédeas de sua vida.
Colocar a culpa em
alguém tira de si mesmo a oportunidade única de assumir a responsabilidade por
seus atos e distancia a oportunidade de perdoar a si mesmo e perdoar o outro.
Por isso ilusão e fanatismo estão sempre de mãos dadas.
Todos que dão a um
agente externo o poder de suas vidas estão combatendo a si mesmos eximindo-se
da responsabilidade das escolhas que fez e faz na vida. Então tudo que é
negativo se torna uma tentação e a única maneira de sobreviver é estar 24 horas
em guerra consigo mesmo, a única saída é o fanatismo total. E quem está
constantemente em guerra consigo mesmo não consegue perdoar de jeito nenhum quem
vive em PAZ. Quem vive em guerra, quem está no inferno quer infernizar a vida
de quem vive em PAZ. Então a forma de infernizar é tentar condenar ao inferno
todos que não estão no mesmo inferno que eles.
Certa vez li um conto
de duas crianças que se embriagaram na adega da família e uma criança
embriagada gritava para a outra fazer silencio e assim era a forma delas terem
silêncio, na sua embriagues, uma gritando com a outra, este era o seu silêncio.
Assim é a paz e o reino dos ignorantes que passam os dias gritando o nome do
senhor, expulsando o capeta e mandando embora uma parte de si mesmo que deveria
ser conhecida. Estas religiões que vivem de expulsar o capeta devem sobreviver
mais uma ou duas gerações. Pois você expulsa o capeta na igreja e ele pega você
em casa, pode-se disfarçar e mentir para um pastor. Pode-se enganar uma
comunidade, pode-se fingir ser santo para pessoas desconhecidas, mas é
impossível fazer isso com seus filhos. A criança sabe se esta religião faz de
seus pais pessoas melhores, mais amorosas ou não. E para a criança a única
coisa que importa é se seus pais são ou não amorosos.
Haverá uma nova
geração, dos filhos de pais que passaram seus dias expulsando o capeta e
colocando a culpa de seus atos no diabo, vamos ver como vão crescer estas crianças
e quais serão suas escolhas espirituais. Daqui a uns trinta anos veremos o
futuro daqueles que lutam contra a própria sombra e tentam assombrar todos que
não compartilham da mesma dissociação de identidade.
Por Alexandre Cumino
Coitado do diabo .... levando culpa de tudo .... a mulher quer dar uma e culpa o "Diabo" hahahaahahahaaha
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