O conhecimento é a base da própria vida. A sabedoria abre caminhos novos
para que possamos sentir e mesmo desfrutar da felicidade. Não poderá existir civilização
sem que a inteligência ocupe algum lugar na pauta dos confortos. Não pode existir progresso
sem a intervenção da sabedoria. Entretanto, ela se divide em duas forças altamente dignas,
com duas dinâmicas opostas: o conhecimento exterior e o auto-conhecimento. A sapiência
externa nos faz investir à procura de valores até certo ponto perecíveis, mas necessários
ao nosso equilíbrio. Passamos por perigos inúmeros, sujeitos às investidas do orgulho
em sintonia com o egoísmo e sob o domínio da vaidade. Entrementes, se vencermos essas
condições na altura em que elas se nos apresentam, sairemos livres, para novos conhecimentos
que, podemos crer, serão a maior verdade, que é o conhecimento de nós mesmos, é o
estudo do universo interno, aprofundando-nos dentro dele como se fora o nosso próprio
mundo. Este conhecimento se chama Sabedoria-Amor.
Há quem diga que o amor não é sabedoria. Está completamente enganado.
Quem ama nas linhas ensinadas por Nosso Senhor Jesus Cristo é um verdadeiro sábio. Ao
conhecermos as nossas deficiências, abrimos portas de luz nas esferas da consciência, de
sorte a nos enriquecermos, em todos os rumos, dos valores eternos, de talentos que Deus
depositou em nossos corações, para a garantia de nós mesmos.
As religiões de todo o mundo e a filosofia que medra em toda a Terra têm
a missão sagrada de indicar às criaturas os arcanos da sabedoria interna, que é a verdadeira
senda de iluminação dos espíritos. Aquele que já conhece a si mesmo dispensa certos acessórios
que pesam muito sobre os ombros e que exigem tempo precioso na sua conservação. O
sábio interno nasce de novo, é um novo homem que surge de dentro do homem velho.
Todo movimento que se preocupa com as coisas externas das criaturas
pode fazer muito em favor das almas em sofrimento, não resta dúvida. Entretanto, quando
encontramos quem nos ajuda a trabalhar dentro de nós, a descobrir os nossos tesouros, esse
é o caminho ensinado por Cristo, que nos liberta definitivamente. Quem conhece a si mesmo
tem mais facilidade em conhecer as lições externas e as propriedades que lhe sustentam a
vida.
A Doutrina dos Espíritos, na sua maravilhosa profundidade, desfralda a
bandeira de luz no topo do mundo em que moramos, por misericórdia de Deus, com a inscrição
já bem conhecida "DEUS, CRISTO E CARIDADE". Deus está no centro de todos
nós, esperando, como Pai, os nossos apelos nascidos da vontade. Cristo pega em nossas
mãos para nos mostrar os caminhos abertos pela caridade. O Céu está mais próximo de nós
do que pensamos: reside dentro de nós. Basta abrirmos os olhos e buscá-lo. E, para tanto,
devemos, como médicos de nós mesmos, executar as cirurgias indispensáveis em todas as
áreas das nossas condutas, dominar os nossos impulsos inferiores e discipliná-los, transformando-
os em instrumentos de trabalho e de paz, para que surja o amor no centro dos sentimentos
e, junto a ele, a tranqüilidade imperturbável em todos os caminhos que deveremos
trilhar. Quem conhece a si mesmo, já não tem tempo de criticar ninguém.
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