Então é isso aí: O estudo esclarece; se
esclareceu, você aprende; se aprendeu, você pratica; se praticou, você vive; se
você viveu... já foi. Só o estudo abre, só o estudo quebra a ignorância
da alma. Estudo sobre geografia, história, física, química, sobre Jesus,
sobre Exu... Quanto mais você estuda, mais você entende a vida. É por aí.
Cada dia que passa, vocês estão mais compenetrados
no trabalho, sentindo a essência dele. Então, quando formos estudar a
parte prática da Umbanda, é porque cada um de vocês está preparado para
isso. Aí você pode falar assim: “Mas eu cheguei no trabalho só faz um
mês...”. Olha, eu conheço gente com 50 anos de Umbanda que não está
fazendo nada. Não é por aí, não. Sábio não é quem sabe muito.
Sábio é quem sabe usar o que sabe. Essa é a verdadeira sabedoria: usar o
que você sabe. Eu acho que vocês já estão com muita coisa pra usar,
viu... muita coisa. Porque o preparo não tem sido só nos estudos de
terça-feira; o preparo é um todo, ele tem sido a soma de todas as experiências
de vocês: os trabalhos, as repetições do Exu Mirim, do Seu Zé, dos Guias... são
os trabalhos em uma maneira geral. Se vocês pararem e se analisarem, vão
perceber uma grande mudança de esclarecimento. A cada dia o trabalho
cresce mais, espiritualmente, porque a cada dia vocês estão crescendo mais,
porque quem faz o trabalho são vocês.
Cada grupo tem sua realidade, cada grupo está
realizando o seu papel, mas é dado a cada um o que cada um pode receber.
Eu vou repetir: o que determina o nível espiritual do trabalho são os médiuns e
a assistência. A intenção de vocês vai determinar o que é que o trabalho
pode realizar. É por esse e outros motivos, que a casa de vocês tem
trabalhos 24 horas por dia. Espíritos chegam doentes de todas as
maneiras, vão deitando nas camas, sendo operados, atendidos pelas enfermeiras,
enquanto a fila continua grande. Chegam espíritos suicidas, espíritos
para estudar o trabalho... palestras e palestras e palestras sobre a vida
espiritual, sobre Jesus, usando o magnetismo de vocês. Por isso é que a
casa já é o que é. Vocês lembram quando o caboclo Tupinambá pegou nos
documentos e falou: “A casa é grande, mas não é grande porque tem muita gente;
é grande porque é grande de coração”. Vamos entrar nessa essência.
Cada um de vocês aqui é candidato a
espírita. Não são candidatos a médium porque vocês já nasceram sendo
médiuns. O verdadeiro espírita é o verdadeiro cristão; você reconhece o
bom espírita por suas obras. O verdadeiro espírita, como está no livro
sagrado, é aquele que luta a cada dia para domar as suas más tendências, é
aquele que luta a cada dia pela sua reforma íntima, é aquele que luta a cada
dia pela sua espiritualização. Nós só vamos conseguir chegar lá, na
mediunidade bem desenvolvida—que é a intenção da casa—pela mão de vocês, pelo
esforço próprio de cada um. Não é na hora do trabalho [de atendimento],
porque na hora do trabalho as coisas vem de graça, porque a mediunidade já está
em cima, mas é no dia-a-dia.
O que mais atrapalha o médium e destrói a
mediunidade dele é a falta de humildade. Por isso é que é importante
estudar e praticar a humildade lá fora e aqui dentro, entre vocês, antes de dar
consultas e praticar a mediunidade. Eu vou dar um exemplo simples.
Conheço um terreiro, de um médium chamado Seu João, que tem 69 anos. Há
mais ou menos uns 10 anos, o neto dele, que acompanhou o Seu João a vida
inteira, passou a ser o encarregado pelo terreiro. Há uns 3 ou 4 anos, o
neto desenvolveu a mediunidade e começou a trabalhar. Acontece que o
mentor do Seu João não dava espaço para os guias do neto (e quando eu falo “não
dava espaço para os guias” eu quero dizer que ele não dava espaço para o
médium, viu? Vocês estão mais do que cientes que os guias estão
trabalhando em vocês a qualquer hora, quando vocês estão aqui, quietos. O
guia só quer saber de trabalhar; ele trabalha e trabalha duro.). Então o
médium, por falta de humildade, abandonou o terreiro do avô e ficou, nos
últimos anos, passando de terreiro em terreiro. Agora ele voltou para o
terreiro do avô, mas você sabe com qual intenção? Tomar conta do terreiro
quando o avô morrer. Sabem por quê? Porque ele tentou abrir o
terreiro dele e não conseguiu. Além disso, não se adaptou em terreiro
nenhum. Ele foi levando os problemas dele para cada terreiro que ele foi,
está lá no terreiro do avô com todos os seus problemas em cima, só esperando o
avô morrer para ele poder tomar conta e dizer “esse é o meu terreiro”. Aonde
está a essência disso aí?
Eu dei um exemplo para vocês porque o médium, sem
a humildade, não chega a lugar nenhum. Seria fácil para o Seu Zé, que
chamou cada um de vocês, colocar vocês na Gira, deixar incorporar sem estudo
nenhum e dar um canto pra vocês, dizendo: “se vira”. Isso é uma maneira
de agir; outra maneira é escolher formar o médium. Isso aqui [o estudo de
terça-feira] está sendo uma escola. Se você parar e analisar tudo que já
estudou, você vai ver que isso aqui está sendo uma grande escola. Tem uma
diferença entre essas duas maneiras de agir. Não é para acontecer aqui o
que se vê em outros terreiros, com médiuns e pessoas da assistência levando
questões fúteis e de ordem material para os guias. Isso não é para
acontecer porque vai de encontro com os estudos e o propósito da casa, o
propósito de formar os médiuns. Formar o médium é formar o cidadão, é
formar você para ser feliz, é formar você para se relacionar bem dentro da sua
família, no seu trabalho, no trânsito, na rua, com os seus problemas, entre
vocês e abrir um canal enorme entre você e as energias positivas. Aí a
mediunidade vem e encontra uma boa estrutura. Até lá, a sua mediunidade
vai sendo “segurada”.
Isso não significa que vocês estão sendo
subestimados e que só o meu cavalo [Paulo Antônio] pode atender incorporado;
estou dando esse exemplo por causa da festa dos Ciganos [ocorrida no dia 13 de
outubro de 2002] quando foi passado que só o Juan iria atender. Isso não
significa que o Juan seja “melhor” do que qualquer outro cigano (porque não
existe “o melhor”, existe, sim, aquele que quer fazer o bem e é para isso que
eles estão aí) e não significa que o médium esteja sendo subestimado.
Isso foi feito porque, além de todo o processo de aprendizado que cada médium
teve, o fator “humildade” foi jogado em cima. Vocês sabem porque?
Porque quem não agüenta a pressão sai; não agüenta. Quem não agüenta,
fadiga e sai. Não achem que eu estou brincando, eu não estou, não
estou. Você pode falar assim: “O Exu Mirim está ‘viajando’”. Eu não
estou. Se você não me entende agora, você vai poder me entender depois.
Vou dar um exemplo — já sendo uma prévia da
explicação sobre a camarinha. Quando os guias do médium pedem, o médium é
encaminhado para fazer a camarinha e receber uma imantação, para estar
“preparado”, com todas as energias afinizadas para que comece o atendimento sem
se prejudicar (mas isso não quer dizer que o médium que esteja atendendo sem
ter feito a camarinha esteja sendo prejudicado, porque, nesses casos, já houve
toda um preparação... a camarinha é um símbolo). Bom, suponham que, depois de
fazer a camarinha, o médium não é chamado para atender [com o seu guia, aos
consulentes]. Se esse médium não tiver humildade, em 6 meses ele está
fora da casa. Ele pode se perguntar, “porque é que não estou
‘trabalhando’?”. Se ele sabe que é um médium de incorporação e não tem
humildade dentro dele, eu não dou 6 meses para ele sair da casa.
E aí, cadê o amadurecimento? Cadê a essência? E aí, cadê a noção de
espiritualidade, de saber que o espírito trabalha com você realmente, no seu
pensamento, na sua atitude. Cada um de vocês tem que saber que vocês são
um só.
Vai chegar a etapa para tudo e, quando essa etapa
chegar, ela chega com um preparo. Só vai dar errado se você quiser
realmente dar murro em ponta de faca. Isso [o preparo, o estudo] elimina
a chance de erro, porque vocês sabem que a mediunidade é um campo muito amplo e
vocês tem muita condição de se atrapalhar. Todo o médium que experimenta
o fenômeno sabe disso e alguns de vocês, inclusive, podem ter tido experiências
em outras casas, não só de Umbanda, mas Kardecista também. Está tudo bem
até uma agulha invadir o coração... Isso acontece até em locais onde há
estudo, estudo, estudo... e “deu pau”. E quando isso envolve a
mediunidade junto? Isso são coisas que vocês vão entendendo...
Vamos desenvolver o amor, vamos ser cristãos,
vamos amar, vamos ser espíritas e vamos desempenhar o trabalho
direitinho. Esse é o crescimento de cada dia e os guia estão aí,
trabalhando, sem parar.
O meu tempo já foi, e nós vamos aí, nesse
rumo. Muita paz pra vocês, saúde, força, fé, bons trabalhos, uma boa
semana... e é isso aí.
Mensagem transmitida pelo Exu Mirim em 15 de
outubro de 2002, na fase final da reunião de estudos mediúnicos.
Fonte: http://www.umbandausa.com/
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