Certa vez, um homem foi se consultar com um Babalawo. Queria
saber por que não dava nada certo em sua vida.
Ao receber a mensagem de Ifá, descobriu qual era o
problema. O Babalawo
lhe disse:
- Meu filho, sua vida não vai pra frente porque
você não fez as oferendas que deveria.
Surpreso o homem indagou:
- Fiz oferendas a todos os Orixás. Como posso não
ter feito as oferendas que deveria?! Fui à cachoeira, agradei mamãe Oxum com
Ipetê. Fui até o mar, a Yemanjá ofertei flores e perfumes. Nos campos, ofereci
a Ogum um cará regado com muito dendê. A Yansã, arriei nos pés de um bambuzal
nove acarajés. Em um lindo bosque, oferendei um sarapatel à Nanã e na Calunga
deixei junto ao cruzeiro um alguidar com pipocas à Obaluayê. Xangô comeu um
saboroso amalá que arriei na pedreira e a Oxossi, levei até as matas um
banquete com abóbora, milho, côco e muito mais. E ao glorioso pai Oxalá,
oferendei, em um lindo jardim, uma saborosa canjica coberta com muito mel.
Agora pergunto: - Ainda faltou alguma coisa?!
- Faltou o principal, meu filho!
Quando você foi à cachoeira agradar a Oxum,
pediu-lhe amor e lhe deu um Ipetê. Mas não ofertou o amor que ela esperava que
tivesse pela sua religião, pelos seus antepassados e pelo seu semelhante. Nas
águas de Yemanjá, você pediu que abençoasse sua família, mas não é só com
flores e perfumes que se agrada a rainha do mar. É preciso que trate a todos os
seus irmãos com respeito, pois somos todos uma só família. Nos campos de Ogum,
não basta lhe dar um cará. Necessita-se ter a bravura de um guerreiro para
suportar os desafios inerentes à vitória almejada. Os ventos de Yansã, que
sacodem o bambuzal, trazem os ares da certeza que põem em ordem os corações
duvidosos, levando os eguns desorientados, desde que os acarajés ali arriados
sejam regados com o fogo da coragem e do entusiasmo. Nos bosques sagrados de
Nanã, só se consegue adentrar com profundidade quem traz consigo não só o
sarapatel, mas a sabedoria, pois sem ela não se pode se livrar do lamaçal da
vida causado pela maledicência, geradora da falta de fé. Na casa do velho
Obaluayê, o senhor das passagens, não adianta arriar o deburu (pipoca) se não
vivenciar o que isto representa. É necessário mergulhar no fogo da
intolerância, deixar a casca dura da vingança e saltar como uma linda flor. O
amalá deixado na pedreira só agrada a Xangô se seu coração não estiver como uma
pedra, pois assim não adianta pedir para ele aplicar a justiça sobre seus
desafetos, porque você não evoluiu o suficiente para discernir justiça de
vingança. Seria melhor ter pedido que o ensinasse a proceder com justiça para
com o próximo. Para Oxossi, não era necessário um banquete. A fartura em sua
vida virá quando você repartir com os menos favorecidos aquilo que você tem em
abundância, pois quem reparte aquilo que tem, nuca lhe faltará. Quanto ao
bondoso e cristalino pai Oxalá, requer-se muito mais que uma canjica para
agradá-lo. Sua oferenda é o seu coração.
Não basta que a canjica esteja cândida; seu
coração é que deve estar tomado da mais pura brancura. Você pediu paz, mas não
agiu de forma pacífica durante toda a sua vida. E ainda disse que os trabalhos
não deram certo.
Ora! Não foram os trabalhos, ebós, sacrifícios e
oferendas que fracassaram. Avalie sua vida até os dias de hoje. Coloque um
ponto final no modo egoísta de viver. Volte até o recanto dos Orixás e lhes
peça todo o axé necessário para que suas mãos possam produzir neste mundo a
paz, o amor, a fartura, a justiça, a coragem, a sabedoria e a força geradora
das obras do bem. Somente após mudar sua própria maneira de agir, de modo a
poder plantar e regar boas sementes, você poderá colher os frutos de um novo
amanhecer. Até lá, faça com fé suas oferendas. Os guias espirituais estarão
junto de você.
Mas não esqueça que a maior oferenda é o seu
coração!
Por Ronaldo Figueira
Fonte: http://9misticos.wordpress.com/
É isso ai !
ResponderExcluirAmei, e mais simples que se julga, devemos estar limpos de coração...
ResponderExcluiradorei
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