A
descoberta de um mundo novo traz a nossa vida novos horizontes repletos de
deleites pessoais, a realização de um médium que acaba de conhecer os fascínios
da Umbanda é algo muito grande. A grandeza é referente às possibilidades do
próprio ser.
O
quanto posso ir mais adiante, quantas portas serão abertas em meu caminho? Qual
o nome das minhas entidades, o quanto minhas entidades podem ser temidas ou
admiradas? O quanto serei importante nesta gira, quantas vezes sentiram minha
falta quando por algum motivo não puder participar dos trabalhos? O grau de
desenvolvimento que eu tenho no mundo espiritual, o quanto meu Exu manda, qual
o grau de comando das suas falanges?
Isso,
sem contar as possibilidades de reconhecimento através da hierarquia que me é,
sem duvida alguma, “merecida”.
Estes
são apenas alguns pensamentos que, por mais inocentes, sempre acabam passando
em nossas cabeças.
Não
é difícil ver um médium “batizando” suas entidades, seja por pura vaidade,
necessidade de reconhecimento ou status. Ou ainda, cheios de razão explicando a
pessoa ao lado da corrente suas “verdades plenas”, repletas de lendas falhas e
ignorância, movidas pela sede de reconhecimento.
O
desenvolvimento do "EU" é de suma importância para todos os iniciados
nesse novo mundo mágico.
As
fases do desenvolvimento caminham sempre com todos da mesma forma:
Curiosidade,
sobre um mundo novo e muito interessante.
Descoberta:
o inicio da compreensão do que pode trazer este conhecimento e do envolvimento
direto e pessoal. Nesta fase a pessoa procura conhecimento de todas as formas
possíveis e impossíveis. Livros, conversas nos bastidores do terreiro ou com
amigos, passa a assistir todas as giras possíveis, busca textos na internet ( a
pior fonte de conhecimento para quem está começando).
Como
a informação chega sempre sem nenhum cuidado, mistos de conhecimentos vindos de
outros terreiros, com outros ritos e normas. Uma mistura perigosa de
conhecimentos de outras religiões, que não tem a ver com a Umbanda. Informações
vindas de médiuns oriundos de outros ritos e outras religiões.
A
bagunça é formada de tal maneira que a pessoa passa a questionar tudo a sua
volta e cria por conveniência as suas verdades.
Comum
nestes casos você ouvir: “Se você sair da Umbanda sua vida só vai piorar” “não
gosto de gira de Ogum porque eu apanho muito do meu caboclo.” Meu Exu disse que
não trabalha nesta casa porque seu grau de comando é muito grande e não vai se
sujeitar a ordens de Exus inferiores.” “sou filho de Iansã com Xangô e tenho
cobertura de Oxum, com isso sou Oxumaré no candomblé, então por isso meu
desenvolvimento com caboclos de Ogum demora tanto”.
Todas
estas frases mostram ignorância completa da realidade de um terreiro de
Umbanda.
Primeira
coisa a ser observada é a seguinte:
Umbanda
não é Candomblé, seus Orixás são diferentes, seu rito é diferente e não existe
relação direta destes orixás no desenvolvimento na Umbanda.
Se
você gosta mais dos orixás do Candomblé, deve fazer parte do Candomblé e não da
Umbanda.
Não
busque explicação para aquilo que você não sabe em outras religiões, se você
buscar dentro da sua religião vai encontrar as respostas sem duvida alguma.
O
desenvolvimento na Umbanda é muito diferente do Candomblé, a influencia dos
orixás é outra, sem contar a influencia direta das entidades de Umbanda. As
mesmas que não existem no Candomblé. Pretos-velhos, ciganos, caboclos,
boiadeiros etc e tal.... só existem na Umbanda.
Existem
terreiros mistos, que tocam o que nós chamamos de Umbandomblé. Mas isso não é
Umbanda.
Cada
terreiro tem forma de tocar suas giras, tem seu rito, meios de desenvolvimento
e trato com a entidades, sendo assim, a única verdade CORRETA é a do terreiro
que você freqüenta. E mais, do seu pai de santo. Graças a Deus temos muitos
terreiros de Umbanda, assim, se você não gostar da forma que as coisas
acontecem no seu terreiro, ou não acreditar no seu pai de santo, você pode
escolher outro.
O
entrar em uma gira, é um ato de confiança no pai de santo. Se você começa a
colocar duvidas ou mesmo questionar as atitudes do seu pai de santo,
recolha-se, medite e analise seu questionamento antes de tomar qualquer
providência. Se chegar a conclusão que efetivamente tais atitudes não condizem
com seu perfil cristão, procure outro terreiro.
A
base do desenvolvimento de qualquer médium é a confiança em seu pai de santo,
sem ela seu desenvolvimento jamais vai acontecer de forma completa.
Não
existe pai de santo certo ou errado no conduzir de uma gira, existe sim um
filho de corrente que confia em seu pai de santo ou não.
Fase
do Deslumbre...
A
mais perigosa fase do desenvolvimento do médium.
Completamente
deslumbrado pelo mundo novo, deixa de viver a própria vida para conduzir seu
desenvolvimento.
Tudo
gira em torno da Umbanda. Beira as raias do fanatismo... O maior perigo na
verdade não é a fase em si, mas o final desta fase.... No momento em que o
médium compreende a sua real missão no terreiro e as máscaras de “confete e
purpurina” caem, a pessoa passa a compreender que ela esta ali para ajudar o
próximo e que ela é dispensável. Nesta hora que a umbanda perde muitos
médiuns...
A
pessoa descobre que o “EU” não existe. Vê que a Umbanda é “nós” e não “EU”.
Compreende
que um médium é apenas um instrumento e como tal, quando não cumpre sua missão
é substituído sem maiores problemas.
Sim,
você é dispensável.
Sim,
você não é nada além de um bisturi na mão de um médico, se perder o fio, será
trocado por outro, simples assim.
A
maior busca na Umbanda é a da consciência de coletivo interno... O
“coletivo”...., o mais difícil grau de desenvolvimento, a harmonia do
consciente com o cosmo, a interação com a natureza humana.
Quando
o médium compreende seu papel dentro de um terreiro, seja médium de corrente,
toco ou vibração, seu desenvolvimento acelera e todas as entidades se
aproximam. Esta aproximação faz com que a intuição atinja os mais elevados
graus de força, dentro e fora do terreiro. A firmeza com as entidades torna-se
mais visível, a incorporação atinge o entrosamento seguro e realmente propício
para alcançar a excelência no atendimento e na magia.
É
comum encontrarmos doutrinadores e estudiosos da Umbanda dizendo que isso só
acontece depois de muito tempo, concordo com eles em parte.
Este
desenvolvimento levará muito tempo se acontecer de forma isolada e sem amparo,
com o conhecimento realmente passado aos médiuns, este tempo tende a ser muito
menor. Claro que mesmo com ensinamentos e intensiva dedicação, as coisas não
acontecem do dia para noite, sempre se faz necessário a adaptação do
médium com as novas informações e com o entrosamento entre a entidade e médium.
Enfim,
a Umbanda exige muita dedicação e estudo, acima de tudo, respeito.
A
Umbanda como religião essencialmente brasileira é também movimento social e
como tal deve ser encarada com extrema seriedade.
Fonte http://paibento.com.br/
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