Há que se entender de uma vez por todas que Umbanda e Candomblé são
religiões absolutamente distintas, que guardam muito mais diferenças do que
semelhanças.
Existem semelhanças? Sim como, por exemplo, os nomes de alguns Orixás,
mas a forma de entendimento do que seja Orixá e principalmente a forma de culto
a esses Orixás é absolutamente diferente.
Com Exu não poderia ser diferente. O Candomblé o entende como sendo
Orixá.
Como a nossa discussão não diz respeito as interpretações do Candomblé,
visto se tratar de outra religião, nos ateremos a Umbanda onde Exu não é Orixá.
Não é Orixá porque Orixá é energia emanada de Zambi (Deus), representada na
terra através das Forças da Natureza.
Orixá é potencia de Luz.
Vamos tentar esclarecer alguns pontos que são mitos dentro da Umbanda.
Mitos que foram criados por pessoas que não entendiam o verdadeiro trabalho de
Exu na Umbanda, aliás não entendiam o verdadeiro trabalho da Umbanda.
A Umbanda em sua dinâmica básica lida com espíritos dos mais variados
graus de evolução. As entidades, guias e mentores que se apresentam nos
terreiros exercem um trabalho incansável contra as forças trevosas.
Na Umbanda a origem de Exu está em função da necessidade de existirem
guardiões, encaminhadores e combatentes das forças trevosas. Por isso se diz
que “Sem Exu não se faz nada”. Isso não porque Exu não deixa, porque é
vingador, traíra ou voluntarioso como querem fazer pensar algumas lendas sobre
Exu, mas sim porque não há como combater forças trevosas sem defesa e proteção.
Então pode vir a pergunta: “Então nossos guias (caboclos e pretos
velhos) não nos protegem e defendem?” Claro que protegem e defendem, entretanto
cabe a Exu o primeiro combate, o combate direto contra as energias que circulam
no Astral Inferior. Esta é a especialidade de Exu, pois conhece profundamente
os caminhos e trilhas desse ambiente energético. É a sua função primeira, assim
como a dos Caboclos e Pretos Velhos é a de nos orientar e aconselhar.
Um segundo mito a ser desfeito diz respeito a confiabilidade de Exu.
Como disse anteriormente, Exu não é traíra! Qual a lógica de Orixá e entidades
de luz o colocarem como guardião, defensor se ele fosse “subornável”, se ele
não fosse confiável?
Seguindo o mesmo raciocínio outro mito que não tem base alguma é “Exu
tanto faz o mal quanto faz o bem e depende de quem pede.
Se uma criança sabe diferenciar o bem do mal, como Exu, conhecedor de
segredos de magia, manipulador de magia, defensor, combatente de forças
trevosas possa ser tão imbecil a ponto de não diferenciar o bem e do mal e o
que é pior trair a confiança de Caboclo e Pretos Velhos?
Aí vem outra pergunta: “Mas eu fui num terreiro e disseram que o
trabalho contra mim foi feito por um Tranca Ruas”. Resposta: o trabalho foi
feito por um obsessor se passando por Tranca Ruas. Aliás, obsessor se passa por
tudo, inclusive por enviado de Orixá, como Caboclo e Preto Velho.
E por que isso acontece? Por causa de médiuns invigilantes. Médiuns
pouco compromissados com o Astral Superior, médiuns e dirigentes ignorantes.
Médiuns e dirigentes que buscam os terreiros de Umbanda para satisfazer as suas
baixas aspirações, como válvulas de escape para fazerem “incorporados” o que
não tem coragem de fazer de “cara limpa”! Médiuns de moral duvidosa que gritam,
xingam, bebem, dançam de maneira grotesca para uma casa religiosa e imputam a Exu
esses desvarios. Caso estejam realmente incorporados estão na realidade é
sofrendo a incorporação de kiumbas (que são espíritos moralmente atrofiados ou
que buscam apenas tumultuar o ambiente). Nunca um Exu ou Pomba Gira de verdade
irá se prestar a um papel desses.
Exus são espíritos de luz em busca de evolução. Que estão altamente
compromissados com as esferas superiores, com os guias e protetores do médium e
com toda a egrégora de luz da Casa na qual o médium está inserido.
Trabalhando diretamente com esta egrégora eles auxiliam no combate e
encaminhamento dos espíritos que são atraídos pela corrente de desobsessão do
terreiro que fazem parte.
Entretanto, cabe lembrar, que o estágio evolutivo de Exu de Trabalho
está abaixo de Caboclo e Pretos Velhos. Isso não significa que não sejam
evoluídos apenas encontram-se num estágio abaixo. Sua energia é mais densa.
Outro aspecto a ressaltar é que esse estágio evolutivo não impede Exu de
trabalhar conjunta e harmoniosamente com entidades mais evoluídas, até porque
além de trabalharem sob as suas ordens, ou seja, sob as ordens de enviados de
Orixá, a questão “hierarquia” é muito bem resolvida no Astral Superior. Lá não
existem “disputas” pelo “poder” ou se questiona quem “manda”. Todos estão
conscientes de seus papéis e do trabalho que precisa ser realizado, além de
trabalharem com um mesmo objetivo, a Caridade!
A palavra de ordem de Exu é “compromisso”! Por tudo isso ele não é e nem
nunca foi traidor ou do “mal”.
Exu é um grande manipulador de energias, transfigurando-se em
formas diferenciadas de acordo com o ambiente em que está.
A exemplo disso vemos Exu se apresentando aos obsessores que irão
combater em configuração que desperte medo e/ou respeito. Ele não poderia se
apresentar a um “inimigo” como se fosse uma linda Cinderela... Isso não
assustaria ninguém, então ele assume sim formas rudes, entretanto ele o faz por
estratégia e não por serem deformados, e muito menos eles tem chifres, rabos e
pés de bode como são tão mal retratados nessas imagens que encontramos em casas
de artigos religiosos.
Detalhe importantíssimo: Exu não tem necessidade de sacrifícios de
animais e despachos em encruzilhadas, porque quem “recebe” tudo isso é kiumba!
Lembrando ainda que isso dentro do Ritual de Umbanda!
Alupo, Compadres e Comadres!
Baseado em texto de Mãe Iassan Ayporê Pery, dirigente do Centro
Espiritualista Caboclo Pery, RJ
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