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Fé Racional

"Em lugar da fé cega que anula a liberdade de pensar, ele diz: Não há fé inquebrantável senão aquela que pode olhar a razão face a face em todas as épocas da Humanidade. À fé é necessária uma base, e essa base é a inteligência perfeita daquilo que se deve crer; para crer não basta ver, é necessário, sobretudo, compreender. A fé cega não é mais deste século; ora, é precisamente o dogma da fé cega que faz hoje o maior número de incrédulos, porque ela quer se impor e exige a adição de uma das mais preciosas faculdades do homem: o raciocínio e o livre arbítrio." (O Evangelho Segundo o Espiritismo.)

Espiritualize-se...

Sábio é aquele que a tudo compreende e nada ignora. Deus não impôs aos ignorantes a obrigação de aprender, sem antes ter tomado dos que sabem o juramento de ensinar.

Nenhum mistério resiste à fragilidade da Luz. Conhecer a Umbanda é conhecer a simplicidade do Universo.



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quarta-feira, 11 de abril de 2012

Espiritismo e Umbanda



Vejo com curiosidade essa eterna discussão sobre a denominação “espírita-umbandista” que algumas pessoas usam, e que causa profundo desconforto entre os umbandistas e irritação entre os espíritas.

Desconforto entre os umbandistas porque sabemos que a Umbanda tem personalidade própria e que apesar de estudarmos a doutrina de Kardec, não somos espíritas, pois espírita é quem segue esta doutrina codificada por ele. Bem, pelo menos isto é o que a grande maioria pensa, embora em julho de 1953, à página 149, o órgão oficial da Federação Espírita Brasileira, O Reformador, declarou oficial e textualmente: “Todo aquele que crê nas manifestações do espírito é Espírita”. E conclui: “Pelo que estamos entendendo, os umbandistas crêem nas manifestações, logo são Espíritas”. No ano de sua morte, Allan Kardec declarou na Revue Spirite, de 1869, página 25: “Para que alguém seja considerado espírita, basta que simpatize com os princípios da Doutrina (além da crença em Deus, nos espíritos imortais e na comunicação deles, na evolução, na lei de causa e efeito, pré-existência do espírito, pluralidade dos mundos habitados, etc) e que por ela paute a sua conduta”. Citado por Luciano Napoleão da Costa e Silva, no livro "Nosso Amigo Chico Xavier".

 A Umbanda tem sua própria doutrina que não foi codificada por encarnado nenhum, mas sim pelas entidades que militam na Seara Umbandista. Nós encarnados é que perdemos tempo discutindo fundamentos, preceitos, etc, quando deveríamos estudar melhor aqueles fundamentos e preceitos que desconhecemos.

A função da Umbanda é bem diferente da função espírita frente a Espiritualidade Maior. Entretanto elas não são conflitantes, como muitos desejam fazer o leigo crer, mas sim complementares. Essa “divisão” existe somente em nível de terra e não em nível de Astral Superior. O que existe é uma categorização que não significa superioridade e nem inferioridade, mas especialidades diferentes. Apenas isso.

Infelizmente alguns espíritas nos vêem como inferiores, pois lidamos com entidades que “falam errado”, utilizamos rituais, velas, defumadores, enquanto eles (os espíritas) não utilizam nada disto e trabalham do mesmo jeito. São médiuns do mesmo jeito.

Entretanto desde que o mundo é mundo e começaram a existir as religiões, todas tem ritualística, com início, meio e fim. Somente a doutrina espírita não tem ritualística.

A grande maioria dos espíritos desencarnados que precisa de ajuda, teve algum tipo de contato, enquanto encarnados, com algum tipo de religião, conseqüentemente com algum tipo de ritualística, por isso muitos são encaminhados pela espiritualidade superior, para os terreiros de Umbanda, pois entenderão mais rapidamente a “linguagem” que lá é falada. Por isso os trabalhos de desobsessão na Umbanda são mais rápidos do que nos Centros Espíritas.

Mais uma diferença entre Espiritismo e Umbanda é que esta última dá oportunidade a qualquer entidade em qualquer faixa vibratória e evolutiva de trabalhar em função do Bem, indiscriminadamente e sem preconceitos.

Que o espírita tenha feito esta opção é um direito dele e não cabe a ninguém ir contra, entretanto o que ele não tem o direito é de dizer que a Umbanda é inferior ou que esteja num estágio evolutivo abaixo do Espiritismo, baseado simplesmente no fato da Umbanda se utilizar de rituais que ele está longe de entender ou não se identificar, ou ainda por a Umbanda ter em suas raízes influências africanas, ameríndias, católicas e espírita. Criticar o que não se entende ou desconhece não foi um ato do Codificador do Espiritismo, aliás o verdadeiro espírita não tem esse tipo de atitude. O verdadeiro espírita nos respeita!

Por outro lado, vemos os detratores do Espiritismo e das religiões espiritualistas colocando num mesmo saco a Umbanda, o Espiritismo e o Candomblé, e o que é pior, pessoas que denigrem o nome da Umbanda e do Candomblé.

É óbvio e compreensível que se você é espírita, portanto estudioso das coisas do espírito, médium dedicado e consciente, e totalmente avesso a rituais, ficará indignado ao ser comparado com terceiros.

Importante é entender que Umbanda e Candomblé não são sub-divisões, correntes ou linhas do Espiritismo, mas sim religiões espiritualistas, com características próprias e bem estabelecidas.

O grande problema são esses irmãos desonestos e ignorantes que se dizem espíritas, umbandistas ou candomblecistas e saem cometendo desatinos em nome de uma dessas três religiões que tem em comum apenas o fato de se comunicarem com a espiritualidade.

Que espíritas, umbandistas e candomblecistas se indignem e reajam contra os desonestos, os charlatães, mas não uns contra os outros, sem agressões mútuas, tentando agir da mesma maneira que os mentores, guias e Orixás de cada segmento fazem, esclarecendo e orientando, ou seja, fraternalmente e com respeito.

Que Eles sejam nosso exemplo!


Mãe Iassan Ayporê Pery
Dirigente do Centro Espiritualista Caboclo Pery

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