Origem cósmica
Enganam-se aqueles que pensam que a Umbanda é
uma religião africana. Na verdade, o conhecimento desse culto milenar foi
levado à África por povos atlantes, durante as grandes migrações que tomaram
lugar depois da terceira sub-raça originada na Atlântida (o continente
desaparecido nos mares do Atlântico, cujos picos mais altos hoje remanescem no
arquipélago de Cabo Verde, entre outras ilhas do noroeste da África).
Um dos povos que habitava o antigo continente
era a negra, a etíope, que assim como outros povos, migraram para diversas
partes do globo por conta dos grandes cataclismos que se aproximavam, desde o
antigo Egito até as Américas. Naqueles tempos, alguns povos quando se mudavam,
levavam consigo o nome de sua terra. Então os etíopes levaram para a África seu
nome original, não sendo, todavia originários daquele continente.
Esta raça levou consigo o entendimento da magia
e da luz divina, a Aumbandan, para a África. Mesclando-se com as tradições religiosas
dos povos locais e com seus feiticeiros, deu origem aos cultos africanos como
conhecemos hoje.
No Brasil, com a vinda dos escravos africanos,
que não podiam exercer seus cultos tribais livremente por conta da pressão da
igreja católica, surgiram outros cultos, como o candomblé, por exemplo, onde
divindades africanas e até mesmo os Orixás, com a interpretação particular que
faziam deles, se transformaram em figuras de santos cristãos, numa estratégia
inteligente para driblar as dificuldades da época.
Por todo o planeta a saga dos atlantes em busca
de novos lares, espalhou o conhecimento trazido pelos homens das estrelas;
aqueles que, há milhões de anos, por amor ao homem da Terra, aportaram um dia
com suas vimanas (naves espaciais) na Lemúria (o continente perdido cujas altas
montanhas hoje formam a Austrália), transferindo-se posteriormente para a
Atlântida, com as dinastias divinas, enquanto os grandes cataclismos que
mudavam a face geológica do planeta iam se sucedendo.
Surgido originalmente como um movimento
hermético e fechado nos Templos da Luz, nas academias iniciáticas, a original Aumbandan,
que por sucessivas corruptelas veio a se chamar Umbanda, teve sua função maior
revelada quando precisou se transformar num culto gerido por magos brancos para
combater o então emergente movimento de magia negra que se espalhava.
Aparecem nessa época os egos chamados de
Senhores da Face Tenebrosa, os magos negros, espíritos dominadores e egressos
de planeta desaparecido, numa história ancestral e anterior às civilizações de
nosso planeta. A Cidade das Portas de Ouro da Atlântida se torna o centro da
magia negra.
Ao mesmo tempo, nos Templos da Luz, três tipos
de entidades se manifestam na antiga AUMPRAM: os Encantados, ou Kama Rajás (não
reencarnantes na Terra – entidades que vieram de outra cadeia de evolução e que
se tornarão Adeptos, como a maioria dos que fazem sua evolução no planeta), os
Nyrmanakayas (espíritos já libertos do carma ou em fase de libertação – os
Jivamupticas) e os Iniciados (sem resíduo de carma). Apresentavam-se nos
rituais, respectivamente, como instrutores, anciãos e puros, da mesma forma que
hoje temos os caboclos, os pretos velhos e as crianças.
É traçado o primeiro Triângulo Fluídico no
astral, sobre os céus da Atlântida e se inicia então a Aumbandan, que no idioma
sagrado dos deuses (os homens vindos das estrelas), o devanagari, quer dizer: a
luz divina ou a lei divina. Isso tudo se passa há mais de 700.000 anos.
Com o decorrer de milhares de anos, sua
trajetória e seu entendimento ficaram velados através dos tempos e da história,
assim como um dia também foi velada a palavra sagrada Umbanda.
Ressurgido no astral por ordem dos maiorais
sidéreos, o Projeto Terras do Sul inicia, em terras americanas, o resgate do
antigo culto, quando então, o Triângulo Fluídico é traçado sobre os céus do
Brasil.
Centenas de entidades, de diferentes cadeias de
evolução, que desde o princípio, trabalharam arduamente no desenvolvimento da
raça humana no planeta, se engajam espontaneamente no projeto, alijando-se
novamente de desfrutar dos paraísos cósmicos de seus planetas de origem, apenas
por amor ao homem da Terra.
No final do século XIX a antiga Aumbandan
renasce finalmente em solo brasileiro e por sucessivas corruptelas leva o nome
de UMBANDA – a Luz Divina.
A origem do vocábulo Umbanda
A palavra Umbanda é um vocábulo sagrado da
língua Abanheenga, que era falada pelos integrantes do tronco Tupy.
Diferentemente do que alguns acreditam, este termo não foi trazido da África
pelos escravos. Na verdade, encontram-se registros de sua utilização apenas
depois de 1934, entre os cultos de origem afro-ameríndia. Antes disto, somente
alguns radicais eram reconhecidos na Ásia e África, porém sem a conotação de um
Sistema de Conhecimento baseado na apreensão sintética da Filosofia, da
Ciência, da Arte e da Religião.
O termo Umbanda, considerado a “Palavra Perdida”
de Agartha, foi revelado por Espíritos integrantes da Confraria dos Espíritos
Ancestrais. Estes espíritos são Seres que há muito não encarnam por terem
atingido um alto grau de evolução, mas dignam-se em baixar nos templos de Umbanda
para trazer a Luz do Conhecimento, em nome de Oxalá – O Cristo Jesus.
Utilizam-se da mediunidade de encarnados previamente comprometidos em servir de
veículos para sua manifestação.
Os radicais que compõem o mote UMBANDA são,
respectivamente: AUM – BAN – DAN. Sua tradução pode ser comprovada através do
alfabeto Adâmico ou Vattânico revelado ao Ocidente pelo Marquês Alexandre
Saint-Yves d’Alveydre, na sua obra “O ARQUEÔMETRO”.
- AUM
significa “A DIVINDADE SUPREMA“;
- BAN
significa “CONJUNTO OU SISTEMA“;
- DAN
significa “REGRA OU LEI“.
A
UNIÃO destes princípios radicais, ou AUMBANDAN, significa “O CONJUNTO
DAS LEIS DIVINAS“.
A instauração do Movimento Umbandista
Escrever
sobre Umbanda sem citarmos Zélio Fernandino de Moraes é praticamente
impossível. Ele, assim como Allan Kardec, foram os intermediários escolhidos
pelos espíritos para divulgar a religião aos homens.
Zélio
Fernandino de Moraes nasceu no dia 10 de abril de 1891, no distrito de Neves,
município de São Gonçalo – Rio de Janeiro. Aos dezessete anos quando estava se
preparando para servir as Forças Armadas através da Marinha aconteceu um fato
curioso: começou a falar em tom manso e com um sotaque diferente da sua região,
parecendo um senhor com bastante idade. À princípio, a família achou que
houvesse algum distúrbio mental e o encaminhou ao seu tio, Dr. Epaminondas de
Moraes, médico psiquiatra e diretor do Hospício da Vargem Grande. Após alguns
dias de observação e não encontrando os seus sintomas em nenhuma literatura
médica sugeriu à família que o encaminhassem a um padre para que fosse feito um
ritual de exorcismo, pois desconfiava que seu sobrinho estivesse possuído pelo
demônio. Procuraram, então também um padre da família que após fazer ritual de
exorcismo não conseguiu nenhum resultado.
Tempos
depois Zélio foi acometido por uma estranha paralisia, para o qual os médicos
não conseguiram encontrar a cura. Passado algum tempo, num ato surpreendente
Zélio ergueu-se do seu leito e declarou: “Amanhã estarei curado”.
No
dia seguinte começou a andar como se nada tivesse acontecido. Nenhum médico
soube explicar como se deu a sua recuperação. Sua mãe, D. Leonor de Moraes,
levou Zélio a uma curandeira chamada D. Cândida, figura conhecida na região
onde morava e que incorporava o espírito de um preto velho chamado Tio Antônio.
Tio Antônio recebeu o rapaz e fazendo as suas rezas lhe disse que possuía o
fenômeno da mediunidade e deveria trabalhar com a caridade.
O
Pai de Zélio de Moraes Sr. Joaquim Fernandino Costa, apesar de não freqüentar
nenhum centro espírita, já era um adepto do espiritismo, praticante do hábito
da leitura de literatura espírita. No dia 15 de novembro de 1908, por sugestão
de um amigo de seu pai, Zélio foi levado a Federação Espírita de Niterói.
Chegando na Federação e convidados por José de Souza, dirigente daquela
Instituição e sentaram-se a mesa. Logo em seguida, contrariando as normas do
culto realizado, Zélio levantou-se e disse que ali faltava uma flor. Foi até o
jardim apanhou uma rosa branca e colocou-a no centro da mesa onde se realizava
o trabalho. Tendo-se iniciado uma estranha confusão no local ele incorporou um
espírito e simultaneamente diversos médiuns presentes apresentaram
incorporações de caboclos e pretos velhos. Advertidos pelo dirigente do
trabalho a entidade incorporada no rapaz perguntou:
“-
Porque repelem a presença dos citados espíritos, se nem sequer se dignaram a
ouvir suas mensagens. Seria por causa de suas origens sociais e da cor?”
Após
um vidente ver a luz que o espírito irradiava perguntou:
“-
Porque o irmão fala nestes termos, pretendendo que a direção aceite a
manifestação de espíritos que, pelo grau de cultura que tiveram quando
encarnados, são claramente atrasados? Por que fala deste modo, se estou vendo
que me dirijo neste momento a um jesuíta e a sua veste branca reflete uma aura
de luz? E qual o seu nome meu irmão?”
Ele
responde:
“-
Se julgam atrasados os espíritos de pretos e índios, devo dizer que amanhã
estarei na casa deste aparelho, para dar início a um culto em que estes pretos
e índios poderão dar sua mensagem e, assim, cumprir a missão que o plano
espiritual lhes confiou. Será uma religião que falará aos humildes,
simbolizando a igualdade que deve existir entre todos os irmãos, encarnados e
desencarnados. E se querem saber meu nome que seja este: Caboclo das Sete
Encruzilhadas, porque não haverá caminhos fechados para mim.”
O
vidente ainda pergunta:
“-
Julga o irmão que alguém irá assistir a seu culto?”
Novamente
ele responde:
“-Colocarei
uma condessa em cada colina que atuará como porta-voz, anunciando o culto que
amanhã iniciarei.”
Depois
de algum tempo todos ficaram sabendo que o jesuíta que o médium verificou pelos
resquícios de sua veste no espírito, em sua última encarnação foi o Padre
Gabriel Malagrida.
No
dia 16 de novembro de 1908, na rua Floriano Peixoto, 30 – Neves – São Gonçalo –
RJ, aproximando-se das 20:00 horas, estavam presentes os membros da Federação
Espírita, parentes, amigos e vizinhos e do lado de fora uma multidão de
desconhecidos. Pontualmente as 20:00 horas o Caboclo das Sete Encruzilhadas
desceu e usando as seguintes palavras iniciou o culto:
“-Aqui
inicia-se um novo culto em que os espíritos de pretos velhos africanos, que
haviam sido escravos e que desencarnaram não encontram campo de ação nos
remanescentes das seitas negras, já deturpadas e dirigidas quase que
exclusivamente para os trabalhos de feitiçaria e os índios nativos da nossa
terra, poderão trabalhar em benefícios dos seus irmãos encarnados, qualquer que
seja a cor, raça, credo ou posição social. A pratica da caridade no sentido do
amor fraterno, será a característica principal deste culto, que tem base no
Evangelho de Jesus e como mestre supremo Cristo”.
Após
estabelecer as normas que seriam utilizadas no culto e com sessões diárias das
20:00 às 22:00 horas, determinou que os participantes deveriam estar vestidos
de branco e o atendimento a todos seria gratuito. Disse também que estava
nascendo uma nova religião e que chamaria Umbanda.
O
grupo que acabara de ser fundado recebeu o nome de Tenda Espírita Nossa Senhora
da Piedade e o Caboclo das Sete Encruzilhadas disse as seguintes palavras:
“-
Assim como Maria acolhe em seus braços o filho, a tenda acolherá aos que a ela
recorrerem nas horas de aflição, todas as entidades serão ouvidas, e nós
aprenderemos com aqueles espíritos que souberem mais e ensinaremos aqueles que
souberem menos e a nenhum viraremos as costas e nem diremos não, pois esta é a
vontade do Pai.”
Ainda
respondeu perguntas de sacerdotes que ali se encontravam em latim e alemão.
O
caboclo foi atender um paralítico, fazendo este ficar curado. Passou a atender
outras pessoas que havia neste local, praticando suas curas.
Nesse
mesmo dia incorporou um preto velho chamado Pai Antônio, aquele que, com fala
mansa, foi confundido como loucura de seu aparelho e com palavras de muita
sabedoria e humildade e com timidez aparente, recusava-se a sentar-se junto com
os presentes à mesa dizendo as seguintes palavras:
“-
Nêgo num senta não meu sinhô, nêgo fica aqui mesmo. Isso é coisa de sinhô
branco e nêgo deve arrespeitá”,
Após
insistência dos presentes fala:
“-
Num carece preocupá não. Nêgo fica no toco que é lugá di nêgo”.
Assim,
continuou dizendo outras palavras representando a sua humildade. Uma pessoa na
reunião pergunta se ele sentia falta de alguma coisa que tinha deixado na terra
e ele responde:
“-
Minha caximba.,nêgo qué o pito que deixou no toco. Manda mureque buscá”.
Tal
afirmativa deixou os presentes perplexos, os quais estavam presenciando a
solicitação do primeiro elemento de trabalho para esta religião. Foi Pai
Antonio também a primeira entidade a solicitar uma guia, até hoje usadas pelos
membros da Tenda e carinhosamente chamada de “Guia de Pai Antonio”.
No
outro dia formou-se verdadeira romaria em frente a casa da família Moraes.
Cegos, paralíticos e médiuns que eram dado como loucos foram curados.
A
partir destes fatos fundou-se a Corrente Astral de Umbanda.
Após
algum tempo manifestou-se um espírito com o nome de Orixá Malé, este responsável
por desmanchar trabalhos de baixa magia, espírito que, quando em demanda era
agitado e sábio destruindo as energias maléficas dos que lhe procuravam.
Dez
anos depois, em 1918, o Caboclo das Sete Encruzilhadas recebendo ordens do
astral fundou sete tendas para a propagação da Umbanda, sendo elas as
seguintes:
- Tenda
Espírita Nossa Senhora da Guia;
- Tenda
Espírita Nossa Senhora da Conceição;
- Tenda
Espírita Santa Bárbara;
- Tenda
Espírita São Pedro;
- Tenda
Espírita Oxalá;
- Tenda
Espírita São Jorge;
- Tenda
Espírita São Jerônimo.
As
sete linhas que foram ditadas para a formação da Umbanda são: Oxalá, Iemanjá,
Ogum, Iansã, Xangô, Oxossi e Exu.
Enquanto
Zélio estava encarnado, foram fundadas mais de 10.000 tendas a partir das acima
mencionadas.
Zélio
nunca usou como profissão a mediunidade, sempre trabalhou para sustentar sua
família e muitas vezes manter os templos que o Caboclo fundou, além das pessoas
que se hospedavam em sua casa para os tratamentos espirituais, que segundo o
que dizem parecia um albergue. Nunca aceitara ajuda monetária de ninguém era
ordem do seu guia chefe, apesar de inúmeras vezes isto ser oferecido a ele.
O
ritual sempre foi simples. Nunca foi permitido sacrifícios de animais. Não
utilizavam atabaques ou qualquer outros objetos e adereços. Os atabaques
começaram a ser usados com o passar do tempo por algumas das Tendas fundadas
pelo Caboclo das Sete Encruzilhadas, mas a Tenda Nossa Senhora da Piedade não
utiliza em seu ritual até hoje.
As
guias usadas eram apenas as determinadas pelas entidades que se manifestavam.
A
preparação dos médiuns era feita através de banhos de ervas e do ritual do
amaci, isto é, a lavagem de cabeça onde os filhos de Umbanda afinizam a ligação
com a vibração dos seus guias.
Após
55 anos de atividade, entregou a direção dos trabalhos da Tenda Nossa Senhora
da Piedade a suas filhas Zélia e Zilméia, as quais até hoje os dirigem.
Mais
tarde junto com sua esposa Maria Isabel de Moraes, médium ativa da Tenda e
aparelho do Caboclo Roxo fundaram a Cabana de Pai Antonio no distrito de Boca
do Mato, município de Cachoeira do Macacu – RJ.
Mais
tarde, junto com sua esposa Maria Isabel de Moraes, médium ativa da Tenda e
aparelho do Caboclo Roxo, Zélio fundou a Cabana de Pai Antônio, no distrito de
Boca do Mato, município de Cachoeira de Macacu, no Rio de Janeiro. Eles
dirigiram os trabalhos enquanto a saúde de Zélio permitiu, tendo ele falecido
aos 84 anos, em 3 de outubro de 1975.
Zélio
Fernandino de Moraes dedicou 66 anos de sua vida à Umbanda, tendo retornado ao
plano espiritual, com a certeza da missão cumprida. Seu trabalho e as
diretrizes traçadas pelo Caboclo das Sete Encruzilhadas continuaram sendo
desenvolvidos por suas filhas Zélia e Zilméa, que carregam em seus corações um
grande amor pela Umbanda, árvore frondosa que está sempre a dar frutos a quem
souber e merecer colhe-los.
Salve a Umbanda!
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