Todos sabem que a umbanda possui vários fundamentos, entre eles:
Fundamentos Africanos, Espíritas, Católicos, Indígenas, Teosóficos, Hinduístas, etc…
“A Umbanda é uma religião Universalista”.
Vamos voltar nossa atenção para a imagem acima. Fizemos um desenho de uma rede plana e para ilustrar o que foi dito acima incluímos somente quatro fundamentos básicos de nossa religião: Africano, Católico, Espírita e Indígena.
Reparem que existem alguns “pontinhos” escuros nesta rede, são os “nós” da rede e que representam os diversos Terreiros de Umbanda existentes.
Cada “nó” ou Terreiro tem um conjunto diferente de fundamentos, o que acaba refletindo no ritual seguido pelo Templo.
Por exemplo:
Terreiro (1)
O Terreiro identificado por (1) tem uma forte influência Católica.
São Terreiros que possuem no congá muitas imagens de Santos, Anjos, Arcanjos, Jesus, Espírito Santo, etc…
É comum nestes Terreiros as procissões para São Jorge, Nossa Senhora Aparecida e demais Santos Católicos.
Os Pontos Cantados sempre relacionam os Orixás aos Santos, e muitos chegam a afirmar que o Santo e o Orixá são a mesma coisa.
As cerimônias são semelhantes aos da igreja católica: Batismo, Confirmação (Crisma), Casamento etc…
Sempre lembrando as cerimônias católicas.
Algumas casas não trabalham com Exú, algumas chegam a identificar o Exú ao demônio.
Terreiro (2)
O Terreiro identificado como (2) está bem próximo dos fundamentos africanos, isto significa que naquele Terreiro os rituais africanos estão presentes de forma significativa. São Terreiros de umbanda que tem uma forte influência do Candomblé e do Culto Omoloko, alguns cultuam os Orixás de forma bem próxima ao do Candomblé, oferecem animais, usam inclusive sangue em alguns rituais, alguns chegam a afirmar que não são cristãos. Possuem rituais como: borí, deitada, mão de pemba, mão de faca, etc.. Exú é cultuado como um Orixá.
O uso dos atabaques é imprescindível.
Terreiro (3)
Os Terreiros identificados como (3) tem uma forte influência da doutrina espírita.
A doutrina espírita é estudada pelos seus integrantes.
Caboclos, Pretos Velhos, Baianos, etc. são considerados espíritos em evolução e que já estão libertos do ciclo reencarnatório.
No congá não fazem uso do sincretismo religioso, ou seja, não existem imagens de Santos; normalmente Orixás são entendidos como espíritos de muita evolução, sendo considerados pura energia.
Orixás nunca incorporam.
De forma alguma aceitam o uso de sangue ou sacrifício de animais como oferenda para os Orixás.
Nestes Terreiros utilizam somente roupa branca; rituais de origem africana são totalmente desconhecidos nestes Terreiros.
Conceitos como mediunidade, passes, vibrações, obssessores são muito comuns.
Em alguns os Caboclos e Pretos Velhos fazem uso do fumo.
Terreiro (4)
Nestes Terreiros a presença de rituais de origem indígena é muito forte. Normalmente Caboclos comandam todos os Trabalhos, é comum o uso de charutos para defumação ou pajelança.
Em alguns os nomes utilizados internamente são de origem Tupy antigo, e valorizam muito a tradição indígena brasileira.
Conclusão:
Como podem verificar não esgotamos as possibilidades, os fundamentos existentes na umbanda são muitos e naturalmente que não se apresentam de forma única como descrevemos acima, eles se fundem em proporções diferentes e dão as características de cada Terreiro, a egrégora, a vida, o axé de cada casa.
Não podemos de maneira alguma aceitar os absurdos que muitas vezes acabam na coluna policial dos jornais, mas precisamos neste momento em que existe uma grande intolerância para com a nossa religião nos unirmos e respeitarmos a maneira de trabalhar de cada Terreiro.
Se estudarmos a história do Movimento Umbandista, verificaremos que embora os homens tenham insistido, durante vários anos, em enquadrar a Umbanda dentro de um sistema hierárquico autoritário (através de Federações, doutrinas, códigos etc…), ela sempre resistiu mantendo sua estrutura em rede.
Precisamos entender que a Umbanda é uma religião nova, brasileira e que os Orixás nos presentearam com esta maravilhosa religião.
Podemos afirmar categoricamente que a UMBANDA é uma religião do futuro.
Uma religião que permite que cada um busque aquele Terreiro que fale mais alto ao seu coração sem deixar de ser umbandista.
Se lembrarmos as palavras do Caboclo das 7 Encruzilhadas, veremos que os alicerces da Umbanda são a liberdade e a igualdade, gerando as mesmas oportunidades para todas as pessoas e espíritos virem trabalhar e evoluir.
Manoel Lopes – Dirigente do Núcleo Mata Verde
Obs.: Divulgue a vontade este artigo, só não esqueça de citar a fonte
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