Para se compreender
bem o título deste artigo, devemos começar dizendo que a morte nada retira nem
acrescenta do espírito desencarnado.
Quando alguém deixa
esta vida leva para o outro lado todo o patrimônio (espiritual) que acumulou em
vidas passadas, acrescidas das conquistas feitas na sua última existência na
carne.
Assim, se a morte
deixa intacto o patrimônio moral e intelectual de um espírito, também preserva
os seus gostos e as particularidades de seu caráter.
Desta maneira, o
intelectual desencarnado continua a frequentar as bibliotecas, os salões de
palestras e conferências, as universidades e outros locais afinados com ele; o
espírito que gostava de arte pode prosseguir frequentando teatros, salas de pintura
e até mesmo cinema. O sexófilo, por seu lado, busca secar as suas antigas
paixões carnais nos "inferninhos", nos prostíbulos; nos lugares onde
se fazem trocas de casais, nos motéis e assim por diante. Os antigos alcoólatras
vagueiam nos bares em busca de afins, bêbados inveterados, que serão dominados
por eles e se transformarão em canecos vivos desses espíritos infelizes.
Poder-se-ia
perguntar:
Qual a utilidade de
uma informação como essa? A resposta não é difícil: estamos vivendo em um
universo repleto de vida espiritual invisível. É como disse o apóstolo Paulo de
Tarso: "somos vigiados por uma nuvem de testemunhas, testemunhas do bem e
testemunhas do mal."
Esses espíritos
desencarnados que continuam a agir como se vivos estivessem, representam o
papel de colaboradores, verdadeiros Anjos-da-Guarda caso sejam bons, mas
temíveis "demônios"- obsessores (quando maus) que nos espreitam para
tirar de nós seu proveito.
Esses seres do
mundo invisível são atraídos para ambientes e situações com que se encontram
afinizados e essas atrações acontecem através de uma espécie de cumplicidade
entre as ondas mentais que lançamos no espaço.
Essas ondas podem
entrar em sintonia com bons ou maus espíritos. Somos motivados ou mesmo
intuídos a agir corretamente e a produzir boas obras. Em caso contrário, as
nossas ondas mentais pesadas, densas, negativas, entram em contato com
espíritos da mesma faixa vibratória. Com esta sintonia tendemos a praticar o
mal sugerido pelos desencarnados com quem mantemos cumplicidade.
Esse fato explica
com bastante clareza a violência que vemos com tristeza todos os dias em nossa
sociedade contemporânea; vítimas desta espécie de espíritos, as pessoas (muitas
delas médiuns indisciplinados e ignorantes na espiritualidade) tornam-se
joguetes dos obsessores e praticam todas as espécies de crimes. São esses
espíritos que a tradição mais antiga denominou demônios, trasgos, duendes e que
se encontram entre os mais diversos povos e nas mais diversas épocas. Embora eu
tenha usado o termo vítima para classificar aquele que permite ter a sua mente
invadida por um espírito imperfeito, a bem da verdade essa "vítima"
nada tem de inocente, pois foi ela que, com seus maus pensamentos, sua
invigilância, chamou para perto de si este tipo de espírito.
Essas perturbações,
em alguns casos, são tão graves que o obsediado é classificado como mentalmente
insano e internado em um nosocômio com o diagnóstico de esquizofrenia ou outro
rótulo usado pela Psiquiatria. As pessoas que são detentoras deste tipo
de conhecimento correm menor risco de sofrerem um processo objetivo uma vez que
aprenderam a importância de cuidar para que seus pensamentos se mantenham em um
nível mais alto, impedindo que espíritos impuros dele se aproximem e o tomem
para si. Falando sobre a mútua influência entre encarnados e desencarnados,
anota André Luiz:
"-Aqui, André,
observa você o trabalho simples da transmissão mental e não pode esquecer que o
intercâmbio do pensamento é movimento livre do Universo. Desencarnados e
encarnados, em todos os setores de atividade terrestre, vivem na mais ampla
permuta de idéias. Cada mente é um verdadeiro mundo de emissão e recepção e
cada qual atrai os que lhe assemelham. Os tristes agradam os tristes, os
ignorantes se reúnem, os criminosos comungam na mesma esfera, os bons
estabelecem laços recíprocos de trabalho e realização"
Este texto confirma todas as coisas que dissemos até aqui, ou seja, que somos
constantemente assediados por um grande número de espíritos desencarnados bons
e maus. Mais à frente, neste mesmo livro, encontramos um exemplo de uma pessoa
que por sua conduta espiritualizada não permite ser assediada por espíritos
infelizes. Vamos conhecer este texto:
"Ela conserva
ainda o seu vaso orgânico na mesma pureza com que o recebeu dos benfeitores que
lhe prepararam a presente encarnação. Ainda não foi conduzida ao plano das
emoções mais fortes e as suas possibilidades de recepção, no domínio intuitivo,
conservando-se claras e maleáveis. Suas células ainda se encontram
absolutamente livres de influências tóxicas; seus órgãos vocais, por enquanto,
não foram viciados pela maledicência, pela revolta, pela hipocrisia; seus
centros de sensibilidade ainda não sofreram desvios até agora; seu sistema
nervoso goza de invejável harmonia e o seu coração envolvido em bons
sentimentos, comunga com a beleza das verdades eternas através da crença
sincera e consoladora."
Esta descrição
denota a antítese entre a pureza e a impureza, entre a luz e as trevas. O
personagem em questão não pode sofrer o assédio e muito menos a posse de
espíritos impuros porque está inteiramente limpa e os espíritos impuros
detestam a pureza na mesma proporção com que amam o vício e a podridão. Assim,
quando um espírito ignorante se aproxima de um espírito que se encontra
escudado no bem, ele se afasta.
Trabalhemos, pois, meus irmãos, para fazer uma faxina em nosso interior e,
tornando-o limpo, não teremos porque temer os espíritos obsessores.
Livro "Missionários da luz", pags 56
e 58 - psicografia de Chico Xavier, pelo espírito Andre Luiz
Por José Carlos Leal
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