Na
assistência, cinqüenta ou cem pessoas aguardando atendimento, não faz tanta
diferença para quem está ali prestando a caridade. Fora o tempo que
inevitavelmente vai alongar-se nesse propósito, a energia gasta sempre é
reposta pela bondade divina. Quanto ao cansaço físico, nada que um bom banho,
um alimento saudável e uma noite de sono não possam refazer. Os consulentes que
vem com suas cargas, seus acompanhamentos espirituais e seus problemas e que
buscam ali no terreiro o conforto ou até a suposta solução, não são o real
desafio para o dirigente umbandista.
O
verdadeiro desafio para o exercício dessa tarefa é a administração da Casa e da
corrente mediúnica, por menor que ambas possam ser. As dificuldades materiais
de manutenção e conservação de um ambiente saudável e acolhedor se misturam a
de manter os médiuns unidos, sob o mesmo propósito com todas as diferenças de
personalidades que inevitavelmente existem entre eles. Sem contar que ali estão
"filhos" espirituais sob sua responsabilidade.
Que
dizer então quando nos vem médiuns com deficiências físicas que dificultam
ainda mais o trato e desenvolvimento de sua mediunidade? Isentar-se de
recebe-los e assim não permitir que cumpram sua tarefa mediúnica? Aceitar o
desafio sob o risco de não termos a sabedoria suficiente para realmente
ajuda-los?
A
nossa vida , no geral é um eterno desafio e tornar-se um dirigente umbandista é
um dos maiores que conhecemos, visto que além da responsabilidade com os dois
mundos temos ainda nossa consciência em débito com o passado delituoso.
Médiuns
saudáveis e perfeitos nos dão a liberdade de ensinar e cobrar atitudes dentro
da corrente. Mas o que dizer quando o dirigente espiritual de nossa Casa,
nos incumbe de colocar para desenvolvimento na corrente, médiuns que possuem
deficiências físicas mas que precisam dessa ajuda?
Seus
históricos: - Um deles, depois de formado em odontologia e já exercendo a
função, após uma cirurgia cerebral pra retirada de um tumor, restou seqüelas
que dificultam seu andar e equilíbrio, além de ter perdido o movimento da mão
esquerda. O outro descobriu problema renal ainda muito jovem e após dois
transplantes de rim com rejeição, sobreviveu ao terceiro, mas perdeu a audição
tornando a comunicação muito difícil.
Ambos
esforçados em ajudar, se doam incondicionalmente e por vezes, de maneira mais
atuante que os outros médiuns, auxiliando na energia das giras. São irradiados
pelos seus guias e tem uma percepção do mundo espiritual muito confiável. Mas é
inevitável a dificuldade que nos assalta, desde fazer-se entender por um deles
até a falta de agilidade do outro. Fora isso, tem a história da inclusão. È
importante que estejamos sempre atentos para que não se sejam diferenciados dos
demais e também que possam sentir-se úteis.
Em
dado momento, ambos já tentaram se afastar, pela dificuldade que a tarefa lhes
impunha. Novamente entregamos nas mãos de Deus e eles acabaram voltando e
ficando. Deduzimos então: - São nossos filhos mesmo! E agora, pródigos!
Sabemos
que, como nós, existe um sem número de terreiros cujos dirigentes passam
por dificuldades semelhantes, quando não maiores ainda, em relação à corrente
mediúnica. Problemas que lhes tiram o sono e exigem horas de reflexão.
Diante disso nos resta acreditar naquilo que os bondosos guias sempre repetem:
- a cruz nunca terá o peso maior do que as costas possam suportar. Além
de que, são lições cujo aprendizado nos conduz à evolução.
Leni
-2008 TUVA
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