- Sri Sevananda Swami visita a Umbanda.
O grande mestre Sri Sevananda, monge, yogue, químico, filósofo, iniciado em várias correntes esotéricas do Oriente e do Ocidente, fundador da avançada Sarva Yoga e alma iluminada, percorreu centenas de quilômetros em um trailer no Brasil.
Tudo começou em julho de 1952, quando o mestre visitou inúmeras cidades e vilarejos, sempre levando a boa palavra e o carinho de um coração sem fronteiras.
No seu interessante livro “Yo que caminé por el mundo”, impresso na Argentina em 1953 (em segunda e esgotada edição), ele descreve suas inúmeras aventuras e as atividades das principais sociedades, fraternidades e ordens espiritualistas e iniciáticas.
Num interessante capítulo intitulado “Umbanda!”, ele conta sua experiência em alguns terreiros da Umbanda brasileira.
A palavra deste Guru é inestimável, sobretudo hoje em dia, onde a inquisição religiosa, filha da ignorância e da violência, volta a atacar os agrupamentos umbandistas. Aqui traduzo e transcrevo algumas observações do mestre:
- “Em outra reunião..., estavam várias pessoas, quando cheguei com um discípulo que me rogou para assistir e dar minha opinião. Estava falando, por um médium, porém de forma completamente natural e consciente..., um caboclo.
O ensinamento que dava era interessante, a linguagem pitoresca, bem ao nível dos ouvintes, e muitas analogias usadas denotavam extremo engenho e grande capacidade de manejar as aplicações do ensinamento. Sentado em meu canto, esperava algo especial, intuído. Entre os presentes eu não era conhecido, e ninguém podia julgar, por minha aparência, meu modo de ser ou pensar.
Chegando até mim, o caboclo me saudou em sua linguagem típica, me observou com largueza, levantando-se então de um modo altivo, quase hierático e com tom, pronúncia e linguagem totalmente diferentes..., me disse que iria virar a casaca e passou a comentar minhas atividades de modo notável por vários motivos:
1) Falava manejando o simbolismo astrológico, cabalístico, mágico e místico, com mui notável cabedal de conhecimento e precisão de expressão.
2) Colocava em destaque, de forma muito discreta, porém com alusões claras, todas as minhas atividades visíveis e ocultas, assim como me deu a solução de alguns assuntos que me preocupavam e a indicação futura de acontecimentos, que se cumpriram depois ao pé da letra”.
E o grande Guru ainda acrescenta:
“Considero, pois, um dever, dizer o seguinte para a orientação de meus discípulos e do leitor em geral:
O movimento de Umbanda é com toda evidência uma nova operação de comando do Invisível, que vendo no Brasil a grande influência africana..., acharam que se fazia necessário para todo um setor da população, algo mais mágico, mais animado e menos religioso que o espiritismo...”.
E Sri Sevananda Swami termina de modo magistral:
“Recomendamos, isto sim, olhar sempre com atenção o que fazem seus adeptos, pois existe muito que aprender...”.
O Swami não era espírita e nem entusiasta do espiritismo. Ele não conhecia a Umbanda ou as tradições afro-brasileiras
Porém, como mestre verdadeiro que era, além de um homem de mente aberta, tranquila e profundamente lúcida, deu mostras de autêntica tolerância, diálogo inter-religioso e amor incondicional. Atitude muito diversa de certos pastores, ministros religiosos e leigos atuais.
Com certeza, estas pessoas também perseguiriam este querido mestre, difamando sua fé, apedrejando seu trailer, interrompendo suas palestras e aulas de yoga!
Triste sinal dos tempos.
Que Sri Sevananda Swami, agora mergulhado nos doces braços de Zambi, nos ajude a levantar bem alto o estandarte da paz e da justiça.
OM E SARAVÁ!
Por Edmundo Pellizari
Texto Publicado no Jornal de Umbanda Sagrada em Outubro de 2008.
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