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Fé Racional

"Em lugar da fé cega que anula a liberdade de pensar, ele diz: Não há fé inquebrantável senão aquela que pode olhar a razão face a face em todas as épocas da Humanidade. À fé é necessária uma base, e essa base é a inteligência perfeita daquilo que se deve crer; para crer não basta ver, é necessário, sobretudo, compreender. A fé cega não é mais deste século; ora, é precisamente o dogma da fé cega que faz hoje o maior número de incrédulos, porque ela quer se impor e exige a adição de uma das mais preciosas faculdades do homem: o raciocínio e o livre arbítrio." (O Evangelho Segundo o Espiritismo.)

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Sábio é aquele que a tudo compreende e nada ignora. Deus não impôs aos ignorantes a obrigação de aprender, sem antes ter tomado dos que sabem o juramento de ensinar.

Nenhum mistério resiste à fragilidade da Luz. Conhecer a Umbanda é conhecer a simplicidade do Universo.



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sábado, 20 de novembro de 2010

Vibração Ogum

Essa postagem é em Homenagem a meu Irmão Rafael Filho de Ogum da e Médium da Casa de Caridade Pai Benedito d'Angola que sempre prestigia o Blog com a sua presença. Salve a sua Coroa de Ogum meu Irmão. Saravá!
                                                                                                                              Denis Sant'Ana   .'.   \|/ 


Ogum é um dos orixás mais cultuados dentro do panteão Umbandista, o soldado de Aruanda, Ogum é o general de guerra, o vencedor de demandas. O patrono do ferro, dos metais em geral. Sua cor geralmente é o vermelho e branco, mas varia muito dependendo do culto e da casa.

Suas festividades ocorrem no dia 23 de abril, seu sincretismo quase que absolutamente é São Jorge, mas também pode variar dependendo da casa e da liturgia praticada.

Ainda insistindo na mitologia, Ogum é irmão de Oxóssi e Exú, e sua esposa foi Oxum, Iansã ou até mesmo Iemanjá, dependendo da qualidade do mesmo, mas isso é apenas a título de curiosidade e não desprenderei mais tempo para explanar sobre as lendas. Sua saudação é Patacori Ogum, Ogum Iê.

Sabe-se que Ogum é o patrono do Ferro, dos metalúrgicos, da tecnologia e dos soldados, também é o Senhor das Estradas, portanto, a área de atuação da vibração de Ogum é muito vasta, portanto, tentarei esmiuçá-la no decorrer do texto.

Ogum é a vibração que nos impulsiona à Luta, às Guerras, é a nossa coragem, o nosso ânimo para vencer as constantes guerras que travamos em nosso cotidiano, é o patrono do Ferro, não penso só no ferro que conhecemos como o metal utilizado para matéria prima, mas também no papel biológico de nosso corpo, como as ligações de ferro em nosso sangue, a hemoglobina, por exemplo, que é formada por Ferro e leva o Oxigênio por todo nosso sistema circulatório. Sua carência nos humanos pode causar, além da anemia, anorexia, sensibilidade óssea e a clima frio, prisão de ventre, distúrbios digestivos, tontura, fadiga, problemas de crescimento, irritabilidade, inflamação da língua.  Portanto, também temos aí uma grande importância do Ferro em nosso corpo, onde a vibração de Ogum também é atuante.

Ogum nos move, é a direção para o campo de batalha, é a força que nos dá a esperança e nos anima para continuar lutando, é uma vibração muito evocada, juntamente com exu, para vencer demandas, desfazer malefícios causados por espíritos de baixo grau evolutivo.

Na Umbanda da qual eu acredito, todos os filhos possuem um caboclo de Ogum, a falange de Ogum é muito vasta, tentarei esmiuçar um pouco aqui para evitar confusões, na Umbanda recebemos algumas qualidades de Ogum, que vem como caboclos representantes dessa qualidade, não vamos misturar os caboclos falantes que atuam nos passes, consultas da casa com os caboclos que aqui representam a qualidade do Orixá, vou explicando gradativamente para que não haja confusão, mas abaixo citarei as qualidades de Ogum na Umbanda que já presenciei:

Ogum Beira-Mar
Uma das linhas mais populares de Ogum dentro da nossa Umbanda, é o Ogum que ronda as praias e águas salgadas, é o Ogum que zela e ronda no campo Santo de Iemanjá, é o Ogum que atua sob os auspícios da vibração de Iemanjá. É o chefe da falange de Ogum que atua nos mares e praias. Seu brado se dá de uma forma interessante, ele puxa o ar com a boca aberta emitindo um ruído estranho. Sua oferenda geralmente é um peixe ou camarão, suas cores são o vermelho, o branco e o azul claro (Cor de Iemanjá), aceita cerveja preta ou clara, também já vi alguns recebendo vinho branco e charuto. Alguns caboclos dessa falange são: Sete Ondas, Marinho, Sete Mares, Ogum da Praia.

Ogum Matinata
É um Ogum que atua sob a vibração de Oxalá, o Ogum de Branco, é um Ogum que atua nos montes altos verdejantes, sua ronda ocorre no campo santo de Oxalá, as colinas, as montanhas, os locais altos onde a energia do Sol é refletida para os locais mais baixos. É um tipo de Ogum muito raro, eu só presenciei uma vez e sei muito pouco sobre ele.

Ogum Rompe-Mato
É a falange que atua sob os domínios de Xangô e Oxóssi, é o Ogum que ronda as matas e cachoeiras, é interessante não confundir Ogum Rompe-Mato com Caboclo Rompe-Mato, levam o mesmo nome, porém suas vibrações e formas de atuações são bem distintas. Sua manifestação no médium é parecida com a de um caboclo, até seu brado geralmente é longo e seco e bate muito a mão no peito. Suas cores são o verde e o vermelho, juntas formam o marrom. Suas oferendas geralmente são frutas, cerveja e charuto. Nessa falange também existe Ogum Sete Espadas, Ogum Caçador, Ogum Sete Matas, Ogum Sete Cachoeiras. Um Ogum muito conhecido que atua nessa falange é Ogum Xoroquê, um Ogum que atua nos dois extremos, a vibração negativa e positiva de Ogum.

Ogum Iara
É a falange de Ogum que atua nos rios, sob os auspícios de Oxum, é o Ogum das águas doces, dos pântanos, geralmente vêem com as mãos espalmadas simbolizando conchas, mas também já vi manifestações com as mãos fechadas ou apenas os indicadores espalmados. Ele ronda os rios e alguns as cachoeiras, juntamente com Ogum Rompe-Mato, suas cores são o vermelho e o branco, alguns o vermelho e amarelo. Suas oferendas são semelhantes ao do Ogum Rompe-Mato. Alguns caboclos dessa falange são: Ogum dos Rios, Riacho Grande, Sete Rios.

Ogum Megê
Meji, do yorubá, duas faces, é a falange de Ogum que atua nos campos da vibração da direita e da vibração da esquerda, é um Ogum relativamente raro nos dias de hoje, sua falange se apresentam muito poucos, como Ogum Sete Catacumbas e Ogum Sete Estradas. Apenas vi um Ogum dessa falange, outro muito conhecido que pode vir sob os auspícios dessa vibração, seria Ogum Xoroque. É uma vibração de Ogum que atua nos cemitérios ou encruzilhadas, por trabalhar diretamente com Exú, tem uma vasta falange de exus sob seus domínios, é um Ogum extremamente eficiente para desmanche de trabalhos e atuação para quebrar demandas. Atua também no cemitério juntamente com Obaluaie.

Ogum Dele ou Dilei
É uma falange muito rara de se apresentar, em minha opinião é a falange onde carrega a vibração pura de Ogum, tive a oportunidade de presenciar poucos médiuns que carregam essa vibração de Ogum, ambos são relativamente velhos, porém imponentes, suas oferendas se dão na estrada ou em montes altos verdejantes, sua hora de ronda se dá às 06:00 da manhã, costuma-se nessa hora pedir proteção ao Sr. Ogum Dilê que é sua hora de ronda. Os antigos Umbandistas, principalmente os chefes de terreiro, costumavam acordar cedo e fazer suas oferendas e preces justamente essa hora solicitando proteção.

Eu já senti a vibração dessa falange, é uma vibração extremamente sutil e poderosa, algumas literaturas também enfatizam que é uma falange que atua também nos campos de Xangô, mas somente o médium que o carrega pode dizer claramente como ele é ou como ele trabalha, pois como sempre digo, cada entidade tem a sua forma particular de trabalho.
Existem outras falanges, como Ogum Nagô, Ogum Naruê, Ogum Malei, que também atuam fortemente na vibração da esquerda, são Oguns que tem como grande poder o feitiço e o exímio conhecimento da Quimbanda, raramente se manifestam atuando somente nos bastidores.
Se alguém quiser saber mais informações, basta me escrever e tão logo tentarei responder sua pergunta.
Paz Profunda
Neófito da Luz.



          OGUN-XOROQUÊ
Na mitologia do primitivo povo africano Noc, que mais tarde se transfigurou no povo extinto dos Ilú Ukulmi, há a menção de 600 deuses primários, divididos em duas raças, a dos 400 dos Irun Imole e a dos 200 Igbá Imole, sendo os primeiros deuses do Céu e os segundos deuses da Terra.

Da união entre estas duas raças, que outrora entraram em confronto, surge duas classes distintas de deuses secundários, os Orixás da raça do Irun Imole, e os Ebora da raça dos Igbá Imole, e destes surgem duas classes de deuses, os Orixá Funfun (deuses Brancos), e os Orixá Dudu (deuses Negros), que se uneme formam uma terceira classe, a dos Orixá Pupa (deuses vermelhos), divididos entre Omodê Okunrin ou Descendente Masculino e Omodê Obirin ou Descendente Feminino.

Quando os Igba Imole cessaram as disputas com os Irun Imole, um destes Omodê Okunrin denominado Ogun, foi designado pelo deus supremo, Olodunmarê, para ser o Guardião dos 200 Igbá Imole, e para ser o “mensageiro entre as duas raças de deuses” seria designada uma terceira raça de deuses primários, denominados de Imole Exú.

Distinguidos por diversos epítetos, tais como, Imole Exú Yangui, Imole Exú Agba, Imole Exú Igbá Ketá, Imole Exú Okotô, Imole Exu Odara, Imole Exú Osije, Imole Exú Eleru, Imole Exú Enú Gbarijo, Imole Exú Elegbara, Imole Exú L’Onan, Imole Exú Odusô e outros nomes como protetores de cidades, como Lalu, Akessan, Alaketu, Baralakossô e guardiões e servidores dos Orixás Omodê Okunrin e Obirin, como Imole Exú Gulutú, do Orixá Okô ou o Imole Exu Sorokê, do Orixá Okê.

O culto ao Orixá Omodê Okunrin Okê, englobaria ao culto ao Imole Exu Sorokê, e por ser o Orixá-Okê um deus Odé ou Caçador ligado a Montanha, talvez tenha se fundido ao culto de Ogun, que também é um Odé, muito ligado ao Orixá Omodê Okunrin Okô e ao Orixá Omodê Okunrin Oxóssi, deuses relacionados à agricultura e a caça.

Como houve uma fusão do culto de Ogun com o culto de Okô, na figura de Ogun Gemini ou Gunokô, bem como uma possível fusão com o Orixá Funfun Irokô, ligado aos deuses fitomorfos, pode ter ocorrido também uma fusão do culto de Ogun com o do Orixá Okê e seu Exú Sorokê, criando o epíteto de Ogun Sorokê.

Já que Ogun e Exú são ligados um ao outro, é provável que tenham se fundido o deus Ogun com esse Exú, criando o chamado Orixá Meji ou Duplo, neste caso metade Ogun e metade Exú Sorokê.

O Nome Sorokê, pode derivar de Osô-Arô-Okê, sendo que a partícula Osô significa “detentor do poder mágico”, Arô designa “um deus velho ou antigo” e Okê é “a montanha”, formando então o nome “antigo deus da montanha detentor do poder mágico” ou mais comumente, “Senhor do Alto da Montanha”.

A nomenclatura Osô é um termo também utilizado para os Antigos Feiticeiros, ou designar “feitiço”, “maldição”, bem como nomes de deuses antigos há muito tempo esquecidos como Dsô, Osôgbô, Osô, deuses relacionados aos vulcões e montanhas, associados aos Vodun da família do Raio e do Trovão, como Heviosô, análogos ao deus Dzacuta ou Xangô.

Ogun sendo um deus da forja dos metais e do fogo, provavelmente, se fundiu, ou foi confundido, com o Orixá Okê e seu Exú Sorokê ligados não somente ao Pico das Montanhas, mas também aos vulcões.

Ogun Sorokê, portanto, é um Ogun ligado aos vulcões, ao magma e ao culto aos Osô ou feiticeiros seguidores de Okô.

É além de um deus vulcânico um grande feiticeiro, portador do segredo da forja de todos os metais, inclusive do ouro.

É possuidor da riqueza assim como o seu Orixá Meji Okê que é um deus também da prosperidade e da abundância.

É descrito metade Imole Exú Sorokê e metade Ogun, sendo portanto um deus da guerra, dos caçadores, da forja dos metais, das armas e da magia contida no ouro e no ferro.

Ogun Xoroquê no Brasil:
O culto ao Orixá Okê, tal como, o dos Orixás Okô, Gunokô, Bayanni, Oduduwa, Onilê, Rowú e outros deuses que deixaram de serem cultuados no Brasil, perdeu um pouco das raízes africanas, sendo estes considerados deuses quase que extintos no Candomblé.

Este fato levou muitos sacerdotes deste culto, a reduzirem alguns Orixás a seres “encantados” ou Ekunrun (guias) de Umbanda e de Omolokô do Brasil, como o caso de Gunocô, que não é o Curupira dos indígenas, mas, foi confundido com o mesmo.

Durante esta miscigenação de raças e culturas, muito da tradição do culto destes deuses africanos considerados “extintos” aqui no Brasil foram reduzidos a elementos da crença Indígena, de Umbanda e de seu sincretismo com o Catolicismo, como ocorreu também com o Ogun Xoroquê, sendo muito comum alguns sacerdotes de Candomblé denominar este como “um Exú de Umbanda”, ou seja, um Ekunrun ou um guia como os pretos-velhos, caboclos, boiadeiros, ciganos ou entidades de “incorporação” em “médiuns” espíritas e umbandistas. Erroneamente muitos confundem antigos “diabos ou espectros” da religião antiga sumeriana e babilônica, com o Imole Exú.

Muitos destes entes são denominados por nomes cabalísticos e portam tridentes, adagas, cetros e utilizam insígnias mágicas do ocultismo europeu e da antiga religião nórdica, não que estes entes não existem, eles realmente são verdadeiros e vieram de uma cultura muito rica que é da antiga Suméria, são “demônios” tanto benignos quanto malignos, cujo nome vem do grego “demos” que significa “comunidades, legiões”.

Os entes encantados da Umbanda, na cultura africana são denominados por diversas categorias como de “Kianda ou Quiandas” que são sereias, ondinas ou elementais das águas, que assumem qualquer forma desde a humana como a de peixe ou de seres sobrenaturais, os Ajagun, que são entes maus e também seria um termo que posto como Jagun designa para alguns autores, as entidades guerreiras, guardiões ou talvez as ditas “entidades exus”, os Ajé que é um termo utilizado tanto para designar demônios como também a presença de malefícios, sortilégios, feitiçaria ou deusas feiticeiras, os Ekunrun que são os Guias, os Iwin e os Igi, espíritos ancestrais e fitomorfos das árvores, e os Okú, que designa qualquer defunto ou espectro de ser humano morto, não devendo confundir com Ikú que designa o nome do Igbá Imole Ebora Ikú, que rege a Morte.

Há uma outra categoria de entidades como os Egungun, que é um termo utilizado de forma errada, como acorreu com a confusão de culturas, para designar os Quiandas, Ekunruns, Ajagun, Oku e outras entidades de uma forma geral.

Egungun, cujo nome vem do yorubá Egun, que significa “Ossos”, são Os Antigos Ancestrais, que na verdade são umas das três classes dos Onilê que são seres divinizados sobre a Terra, representados por um único deus chamado pelo mesmo nome, que significa “Dono da Terra”.

As outras duas classes de Onilê são os Babá Agbá Egun ou Os Pais Ancestrais Falecidos, divinizados por seus méritos terrestres, e também os Esá ou Ancestrais Especiais, que são os Babalorixás, Babalawôs e Iyalorixás ou sacerdotes falecidos, os Babá Egun e as Iyá Egun.

O Pai maior ancestral é denominado de Babá Olukotun Olori Egun ou Senhor do Lado Direito da Cabeça dos Mortos, e a Mãe Ancestral Maior é chamada de Iyá Agbá Nlá.

Os Orixás Tutelares destas três classes de Onilê, são Obaluaiyê com poder delegado por Igbá Imole Ebora Ikú e também Iyámi Oyá Igbalé conhecida como Iyá Messesan (Yansan).

Ogun Xoroquê (Sorokê), portanto, não é nem “exú de Umbanda”, nem Egun, nem “caboclo encantado”, ekunrun e afins, é um Orixá que surgiu de um culto do Orixá Okê e seu Imole Exú Sorokê fundido com o culto do Ogun Xoroquê (Sorokê).

Patacuri Ogum. 
Ogum Yê meu Pai.

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