No dicionário Priberam on line definição de Piegas:
piegas
1. Que ou a pessoa que é amimada, niquenta, ridiculamente sensível ou assustadiça.
2. Pessoa que se prende com pequenas coisas.
Recentemente tive a oportunidade de lêr um ensaio do médium espírita Divaldo Franco, onde em um de seus tópicos ("Consciência") referentes à educação mediúnica, se refere ao espírito do Preto Velho como algo PIEGAS, remanescente também do pieguismo oriundo da cultura africanista:
"... Na cultura brasileira, remanescente do africanismo, há uma postura muito pieguista, que é a do preto velho. E muitas pessoas acham que é sintoma de boa mediunidade ser intrumento de preto velho. Quando lhe explicamos que não há pretos velhos, nem brancos velhos, que todos são Espíritos, ficam muito magoadas, dizendo que nós, espíritas, não gostamos de pretos velhos. E lhes explicamos que não é o gostar ou não gostar. Se tivessem lido em O Livro dos Médiuns, O Laboratório do Mundo Espiritual, saberiam que se a entidade mantém determinadas características do mundo físico, é porque se trata de um ser atrasado. Imagine o Espírito que manquejava na Terra, porque teve uma perna amputada, ter de aparecer somente com a perna amputada. Ele pode aparecer conforme queira, para fazer-se identificar, não que seja o seu estado espiritual. Quando, ao retornar à Pátria da Verdade, com os conhecimentos das suas múltiplas reencarnações anteriores, pode apresentar-se conforme lhe aprouver.
Então, a questão do preto velho é um fenômeno de natureza animista africanista, de natureza piegas. Porque nós achamos que o fato de ter sido preto e velho, tem que ser Espírito bom, e não é. Pois houve muito preto velho escravo que era mau, tão cruel quanto o branco, insidioso e venal. E também houve e há muito branco velho que é venal, é indigno e corrompido. O fato de ter sido branco ou preto não quer dizer que seja um Espírito bom.
Cabe ao médium ter cuidado com esses atavismos, e quando esses Espíritos vierem falando errado, ou mantendo os cacoetes característicos das reencarnações passadas, aclarar-lhes quanto à desnecessidade disso. Porque se em verdade, o preto velho quer falar em nagô, que fale em nagô, mas que não fale um enrolado que não é coisa nenhuma. Ou, se a entidade foi alemã na Terra e não logre falar o idioma do médium, que fale alemão, mas que não fale um falso alemão para impressionar. O médium só poderá falar o idioma no qual ele já reencarnou em alguma experiência passada.
Desde que não há milagres nem sobrenatural, o médium é um instrumento. Sendo a mediunidade um fenômeno orgânico, o Espírito desencarnado vai utilizar o que encontre arquivado no psiquismo do médium, para que isto venha à baila. "
Retirado do Livro: Mediuns e Mediunidades pelo espírtio Vianna de Carvalho (medium Divaldo Franco) Parte II - Requisitos para educar a mediunidade.
O que verificamos nesse texto um tanto controverso de Divaldo Pereira Franco, é uma visão um tanto prosélita descambando para visões um tanto européias e arcaicas como logravam na era de Allan Kardec. O médium acerta quando diz ser uma visão remanescente de uma cultura africanista, mas graças a Deus o Brasil é um país livre e que abraça uma série de culturas diversificadas, tendo em sua maioria os negros, contribuído essencialmente para a edificação dessa cultura. De certo, a espiritualidade em sua magnitude plena comandada pelo arquiteto Mor, despoja-se de qualquer roupagem racial ou social, mas isso não invalida de forma alguma a natureza das comunicações de espíritos que ainda necessitam, de forma proposital ou não, se apresentarem dessa maneira. Divaldo, pessoa bastante eloqüente e que se faz valer das "rosas" que saem de sua boca, aliado ao seu poder extremo de persuasão, lembra mais um daqueles senhores que ficaram ricos vendendo produtos da "Amway", e que agora pregam seus testemunhos. É vero que sua compreensão e seu conhecimento adquirido após ter devorado as obras de Kardec são suas armas, agora a contestação do legítimo através de combinações de palavras é o que temos de VIGIAR, como tanto ele assim o prega! De maneira não diferente, após ter ouvido e assistido a algumas palestras do médium, a minha impressão é de que o próprio Divaldo carece no conhecimento mais amplo da questão espiritual, sendo ele cercado e encerrado em um pieguismo particular - parafraseando o próprio - bastasse que desse um pouco mais atenção aos fatos históricos que marcaram o surgimento da Umbanda de maneira formal nas plagas brasileiras. De maneira contraditória porém, reage o médium que de tanto se vale de Allan kardec, que no post anterior, reconhece e reavalia seus próprios pensamentos espiritualistas, com base nas palavras de um preto-velho. Em nenhum momento, como tenta desviar Divaldo, dizemos que a priori um espirito dessa natureza é bom ou ruim, da mesma maneira que não pré-julgamos um espírito que dê sua comunicaçõa dentro de um centro kardecista com o bom um ruim.
Em meu entendimento, e pelo conhecimento acumulado através única e exclusivamente da prática mediúnica, vos digo que a vestimenta de "preto velho" é unicamente o morfismo com que o espírito por trás daquele, utiliza-se naquele instante para que possa alcançar a seu objetivo, dando a oportunidade de uma comunicação mais direta, e sem as POMPAS e LUXOS que vemos em alguns lugares que não centros espíritas que praticam a Umbanda preconizada pelo Chefe Caboclo das 7 Encruzilhadas. Atavismos à parte, é preciso que nós médiuns ou não, vigiemos o que nos circunda, e que possamos através de nossa bondade e caridade divina que nós é conferida, aceitarmos a todos os espíritos que vierem a nosso encontro para comunicação ou conforto, como os olhos do coração e da caridade a qual Deus nosso pai assim nos concede. Esse é apenas um alerta. Meu saravá fraterno.
Mestre Azul
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